O número de jovens negros assassinados no país é três vezes maior do que o de jovens brancos. Em audiência pública na Câmara nesta terça-feira (31), representantes do Governo e de organizações sociais destacaram que toda a população é afetada pelo genocídio da população negra no Brasil.
(Câmara, 31/10/2017 – acesse aqui)
A discussão aconteceu na Comissão Externa que avalia a criação do Plano Nacional de Enfrentamento ao Homicídio de Jovens (PL 2438/15).
Para o professor Mário Theodoro, relator da Comissão da Verdade Sobre a Escravidão Negra no Distrito Federal e Entorno, a raiz do problema é o racismo, o preconceito e a discriminação.
“As estatísticas mostram que a cada 25 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. Milhares de famílias, mães, irmãs, esposas sofrem com a morte dos seus entes queridos e no final das contas você tem uma sociedade cindida em função da violência que passou a ser quase que naturalizada e endêmica”, lamentou.
Autor do pedido para a audiência, o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), defendeu mudanças na estrutura geral da segurança pública no país para atingir as metas de redução dos homicídios e da violência.
“Nós queremos uma política de Estado no enfrentamento da violência, em especial no enfrentamento de homicídios de jovens negros e pobres. O Brasil vive uma guerra civil declarada contra esses jovens”, afirmou.
A Subsecretária de Segurança Cidadã da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, Andreia Macedo, informou que o DF reduziu em 38% nos últimos dois anos o número de crimes violentos letais intencionais através da integração dos órgãos de segurança pública. “Temos que desconstruir essa ideia de que homicídio não se previne, que é uma fatalidade, não é. Cabe ao Estado conduzir soluções exitosas para isso e isso se faz com política pública”, argumentou.
A Comissão recebeu também um texto com sugestões para o projeto de lei e publicações sobre o assunto, como o livro ‘A verdade da escravidão negra no DF e Entorno’ que será lançado neste mês na Câmara. Também participaram da audiência sobre enfrentamento ao homicídio de jovens negros, representantes da Aliança de Negras e Negros Evangélicos do Brasil, do Conselho de Defesa dos Direitos do Negro do DF e da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras.