O número de nascimentos ocorridos e registrados no país recuou 5,1% em 2016, na comparação ao ano anterior, para 2.793.935. Foi a maior queda desse indicador desde 1990 (-6,2%). Os dados constam da pesquisa “Estatísticas do Registro Civil”, divulgada nesta terça-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
(Valor Econômico, 14/11/2017 – acesse no site de origem)
Nos anos anteriores, o número de nascimentos vinha em crescimento.
Segundo a gerente da pesquisa de Registro Civil do IBGE, Klivia Brayner de Oliveira, os brasileiros podem ter adiado a decisão de ter filhos no fim de 2015 e início de 2016 por causa do surto de microcefalia associado ao zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. A crise econômica também pode ter gerado a decisão. Ela acrescenta, contudo, que são suposições.
“Sabemos da questão da zika e que houve casos de microcefalia, principalmente em Pernambuco. Nós acreditamos que isso possa ter peso bastante para essa queda. Também podemos supor que foram anos difíceis, por causa da crise. Quem quer ter filho adia, também porque ficou desempregado. Mas esse motivos não são mostrados nas estatísticas, são suposições”, disse.
De acordo com os dados levantados em registros administrativos pelo IBGE, Pernambuco teve a maior queda do número de nascimentos ocorridos e registrados em 2016, com baixa de 10%. O Estado foi um dos que registraram mais casos de bebês com microcefalia relacionada à síndrome congênita do vírus da zika ao longo de 2015 e 2016.
Entre as 27 unidades da federação, 20 registraram redução no número de nascimentos ocorridos e registrados em 2016, na comparação ao ano anterior. Segundo a gerente da pesquisa, essa redução não está relacionada ao subregistro, ou seja, quando as crianças nascem e não são registradas. “Em 2016, foram registradas 100 mil pessoas que nasceram em anos anteriores”, afirmou.
Roraima foi a única a apresentar aumento por essa estatística. O avanço foi de 3,9%, conforme o IBGE.
Segundo a pesquisa, os nascimentos vêm se reduzindo no segundo semestre entre 2013 e 2016. Março foi o mês com maior número de nascimentos ocorridos e registrados em 2017, considerando o total nacional. Foram 263.116 registros, segundo a pesquisa, superando maio (258.160) e abril (253.136).
Apesar do menor número de nascimentos, o perfil de idade das mães não se alterou. O IBGE identificou que regiões Sul e Sudeste têm o “perfil mais envelhecido”. Na região Sul, 24,7% das mães tinha de 25 a 29 anos. No Sudeste, 24,3% estava nessa faixa. No Norte, há concentração de mães de 20-24 anos (29,6% dos nascimentos).
Bruno Villas Bôas