No Brasil e no mundo, a liderança das 100 maiores empresas internacionais de mídia é dominada por homens. Os resultados foram apontados por uma pesquisa conduzida pela Universidade de Gotemburgo, na Suécia.
O comando da mídia é um universo majoritariamente masculino: no Brasil e no mundo, a liderança das 100 maiores empresas internacionais de comunicação é dominada por homens. É o que mostra uma pesquisa conduzida pela Universidade de Gotemburgo, na Suécia.
O estudo revela uma significativa desigualdade de gênero no centro do poder da mídia, em escala global. Em média, 80 por cento dos diretores executivos das principais empresas de comunicação do mundo são homens. Entre as cem maiores corporações, segundo aponta a pesquisa, apenas seis mulheres ocupam cargos de presidência. A participação feminina em postos do alto escalão da gerência destas empresas é de apenas 17%.
“A mídia molda a visão de mundo das pessoas, e por isso é importante que ela seja plural”, disse à RFI a pesquisadora sueca Maria Edström, uma das responsáveis pelo estudo da Universidade de Gotemburgo. “Mas a presença majoritária de homens no setor é sinal de que as corporações de mídia possuem uma liderança limitada. Vale observar que os produtos e serviços destas empresas são direcionados tanto a homens e mulheres. E com a reduzida participação feminina em cargos de liderança, as corporações provavelmente também estão perdendo oportunidades em termos de competência”, acrescentou ela.
A pesquisa da Universidade de Gotemburgo mapeou a presença de homens e mulheres em cargos de presidência, de direção executiva e de participação nos conselhos administrativos das cem maiores empresas do setor. As informações foram obtidas a partir de bases de dados financeiros internacionais como o Orbis e também de informações do relatório publicado em dezembro passado pelo Instituto de Políticas de Mídia e Comunicação da Alemanha.
Desigualdade de gênero se concentra na Ásia
As cem gigantes da mídia mundial estão situadas em 21 diferentes países, entre eles Estados Unidos, Japão, Holanda, China, Alemanha, Grã-Bretanha, França, Canadá, Suécia, México e Brasil.
O mapeamento sueco indica que os maiores índices de desigualdade de gênero se concentram em corporações de mídia da Ásia, que apresentam uma presença masculina majoritária tanto nos cargos executivos do alto comando como nas posições nos conselhos administrativos das empresas.
Mas a pequena participação feminina no setor é generalizada. A começar pela maior corporação de mídia do mundo, a americana Alphabet Inc, o conglomerado de empresas da Google, que tem um faturamento anual de € 81.965 bilhões. A empresa é liderada por um homem e tem apenas uma mulher entre os seis executivos do alto escalão, além de uma participação feminina de 23% entre os membros do conselho de administração. Na Walt Disney, a terceira maior do mundo, os homens ocupam 79 por cento dos cargos de alta direção e 67% dos assentos no conselho administrativo.
Trinta empresas não tem nenhuma mulher
O estudo sueco aponta ainda que trinta empresas do ranking global da mídia não têm sequer uma única mulher em cargos executivos da administração central. É o caso da americana Comcast, situada na Filadélfia e que ocupa a segunda posição na lista das cem maiores corporações de mídia. Outros exemplos de participação feminina de 0% no comando executivo das empresas são as também americanas AT&T (a quarta maior do mundo), Viacom e Liberty Media, além das japonesas Sony Entertainment e Fuji e da francesa Vivendi.
A única empresa brasileira da lista das gigantes mundiais da mídia é a Globo Comunicação e Participações S.A., que figura na posição 47 entre as cem maiores do mundo. A participação feminina nos postos da alta direção da empresa é de 30%, segundo indica o estudo sueco. Também na América Latina, o Grupo Televisa do México aparece com uma proporção de 9% de mulheres na liderança da companhia.
No ranking das maiores do globo, as seis únicas empresas de comunicação lideradas por mulheres são as alemãs ARD (a rede pública de televisão da Alemanha) e Bauer Media Group, a chinesa Shanghai Media Group, a TV pública francesa France Télévisions, a finlandesa Sanoma Group e a holandesa Wotters Kluwer.
Neste momento em que todos buscam novos modelos de negócio para a indústria da mídia, a igualdade de gênero deve ser parte da equação, diz a pesquisadora sueca Maria Edström. “Para quem acredita que as habilidades intelectuais estão igualmente distribuídas entre a população de homens e mulheres, selecionar executivos apenas do sexo masculino não deve ser o melhor modelo de negócios”.
Claudia Wallin