(Veja) Reportagem do jornal The New York Times mostra como um procedimento simples, rápido e barato, que aplica vinagre no colo do útero para fazer com que manchas pré-cancerosas fiquem brancas, pode fazer pelos países pobres o que o exame de Papanicolaou fez para os ricos: acabar com o reinado do câncer cervical como principal causa de morte de mulheres.
Segundo a reportagem, mais de 250 mil mulheres morrem anualmente de câncer no colo do útero, quase 85% delas em países de baixa e média renda. Décadas atrás, ele matou mais mulheres nos Estados Unidos do que qualquer outro câncer e agora ele está bem muito atrás dos cânceres de pulmão, cólon, mama e pele.
As enfermeiras que usam esse novo procedimento, desenvolvido por especialistas da Faculdade de Medicina Johns Hopkins na década de 1990 e aprovado em 2010 pela Organização Mundial de Saúde, passam vinagre no colo do útero da mulher. Isso faz com que manchas pré-cancerosas fiquem brancas e possam ser congeladas com uma sonda de metal resfriada por um tanque de dióxido de carbono, disponível em qualquer engarrafadora de Coca-Cola.
O procedimento, conhecido como VIA/crio para visualização do colo com ácido acético (vinagre) e o tratamento com crioterapia, pode ser feito por uma enfermeira e apenas uma consulta é necessária para detectar e matar um câncer incipiente.
Com o exame papanicolau, o médico faz uma raspagem do colo do útero e envia o material coletado a um laboratório para ser examinado por um patologista. Mas muitos países pobres não têm laboratórios de alta qualidade e os resultados podem demorar semanas. As mulheres que retornam para áreas distantes, onde moram ou trabalham, muitas vezes são difíceis de encontrar quando são diagnosticadas com lesões pré-cancerosas.
Mais de 20 países, incluindo Gana e Zimbábue, fizeram projetos-piloto. Mas, na Tailândia, o VIA/crio agora é rotina em 29 das 75 províncias, e 500 mil das 8 milhões de mulheres, com idades entre 30 e 44 anos, na população-alvo foram examinadas pelo menos uma vez.
O Dr. Bandit Chumworathayi, ginecologista da Universidade de Khon Kaen, que ajudou a realizar o primeiro estudo tailandês do VIA/crio, explica que o vinagre realça os tumores porque eles têm mais DNA e, portanto, mais proteína e menos água do que outros tecidos. Ele revela pré-tumores com mais precisão do que um exame papanicolau comum. Mas também gera mais falsos positivos – manchas que ficam claras, mas não são malignas. Consequentemente, algumas mulheres passam por crioterapia desnecessariamente. Mas o congelamento é cerca de 90 por cento eficaz e o principal efeito colateral é uma sensação de queimação, que desaparece em um ou dois dias. Em contraste, a biópsia, o método antigo, pode causar sangramento.
“Alguns médicos resistem” à abordagem crioterápica, disse o Dr. Wachara Eamratsameekool, ginecologista do hospital rural Roi Et que ajudou a implantar o procedimento. “Eles chamam isso de ‘tratamento pobre para os pobres’. Isso é um mal-entendido. É o uso mais eficiente dos nossos recursos”.
Leia a reportagem completa: Uma revolução contra o câncer cervical (Veja – 16/10/2011)