Eleitoras tendem a definir o voto mais em cima da hora, conforme mostram dados do Datafolha
(Exame, 15/10/2018 – acesse no site de origem)
A duas semanas de os brasileiros irem às urnas, a grande pergunta em aberto da eleição presidencial é se há espaço para uma reviravolta. Analistas são quase unânimes em afirmar que a chance de Fernando Haddad (PT) tirar a enorme vantagem de Jair Bolsonaro (PSL) é muito pequena, mas passa invariavelmente pelas mulheres.
Segundo Mauro Paulino, diretor do Datafolha, o eleitorado feminino é especialmente relevante porque elas decidem o voto mais tarde. Segundo dados do instituto, 29% dos eleitores homens decidiram seu candidato no primeiro turno nos últimos 15 dias. Entre as mulheres, a parcela sobe para 44%. A indecisão feminina se arrastou até a última hora: 23% delas decidiram o voto na véspera ou no dia da votação, ante apenas 13% dos homens.
O problema, para Haddad, é como conquistar esses votos. Manifestações relativas a costumes e declarações ressaltando o histórico de discursos machistas e violentos do adversário tendem a falar mais com eleitoras convertidas, numa lógica que tem desnorteado estrategistas do PT.
Pela lógica do partido, Bolsonaro deveria perder votos com as manifestações com o mote Ele Não, ou ao não ter, por exemplo, se posicionado contra o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, que completou sete meses ontem. Mil placas com o nome da vereadora foram distribuídas no Rio. A escola de samba Mangueira anunciou no fim de semana que homenageará Marielle em seu enredo para o Carnaval 2019.
Na madrugada desta segunda-feira a campanha petista voltou a ter uma notícia ruim: pesquisa do banco BTG Pactual deu 18 pontos de vantagem para Bolsonaro (59% a 41%, no cenário que contabiliza apenas os votos válidos).
A semana será abarrotada de pesquisas eleitorais, a começar pela primeira sondagem do Ibope no segundo turno, a ser divulgada na noite desta segunda-feira. Na quarta-feira vêm do vox Populi e do Paraná Pesquisas. Na quinta-feira, o novo Datafolha, que tende a ser a pesquisa mais importante da semana, após ter dado 16 pontos de vantagem para Bolsonaro na semana passada. “Ou Haddad tira parte da vantagem essa semana, ou já era”, diz um cientista político.
A profusão de pesquisas, infelizmente, não será acompanhada pelos debates. No fim de semana, Jair bolsonaro voltou a afirmar de depende de aval médico para participar de debates com seu Fernando Haddad, mas chegou até a sugerir que deveria debater com Lula, que teve a candidatura indeferida pela justiça eleitoral.
Com menos informação na mesa, fica difícil definir o voto com antecipação.