A representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, pediu nesta quinta-feira que o presidente Jair Bolsonaro mantenha os programas desenvolvidos nos últimos anos no país para esse público e que inclusive ajude a fortalecê-los.
(Agência EFE, 21/02/2019 – acesse no site de origem)
Após cinco anos no país, Gasman deixará o Brasil para se mudar para o México, onde fará parte da equipe do presidente Andrés Manuel López Obrador, que assumiu a presidência em dezembro do ano passado.
Apesar de notar pequenas variações nos índices de violência contra a mulher e igualdade no período que esteve no Brasil, Gasman percebe que as brasileiras estão mais “empoderadas”. Por esse motivo, ela pede que o governo federal mantenha os programas e as políticas que estão sendo desenvolvidas nos últimos anos.
“Meu pedido é para que vejam o que está sendo feito, mantenham e melhorem o que for necessário e desenvolvam novos programas e políticas para a mulher”, disse Gasman em entrevista à Agência Efe.
Gasman sabe que isso é resultado do trabalho conjunto com o governo e com a sociedade civil, algo que ela já discutiu com a ministra das Mulheres, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alvares. Ela, segundo a representante da ONU, expressou o compromisso de Bolsonaro com o direito das mulheres.
Os principais trabalhos que Gasman desenvolveu no Brasil desde 2013 envolvem o feminicídio, o racismo, a segurança e o empoderamento político e econômico das mulheres.
A luta para diminuir a violência contra as mulheres foi o trabalho mais difícil, mas o que ela considera como “grande triunfo” pelo fato de o problema agora ter visibilidade, provocando uma maior conscientização da sociedade e das autoridades sobre o assunto.
Segundo Gasman, 13 mulheres são assassinadas por dia no Brasil. A situação é considerada por ela como “crua” e “sangrenta”. Dados da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) mostram que 126 mulheres já foram mortas no país nos dois primeiros meses de 2019.
Embora a violência contra a mulher seja um dos problemas mais visíveis no Brasil, o racismo, a discriminação e a pobreza são temas estruturais e permanentes no país na visão de Gasman.
No entanto, Gasman considera que as mulheres no Brasil estão mais empoderadas e com ferramentas para enfrentar esses desafios.
“As mulheres negras, as indígenas, as camponesas estão mais conscientes do que elas são, do que elas têm e de seus direitos. Por isso agora estão mais empoderadas e organizadas”, destacou.
Os problemas das mulheres no Brasil são comuns nos demais países da América Latina, uma questão que Gasman conhece profundamente, não só pelo trabalho que desempenhou na região com a ONU, mas também por sua longa carreira na luta pelos direitos das mulheres.
Gasman, que é médica, mestre em Saúde Pública pela Universidade de Harvard e doutora em Gestão e Políticas de Saúde da Universidade Johns Hopkins, foi escolhida por López Obrador para comandar o Instituto Nacional das Mulheres.
Ela dividirá a função com a ex-deputada federal Candelaria Ochoa Ávalos e a advogada Patricia Olamendi Torres.
María Angélica Troncoso