Pesquisa realizada com o apoio do Instituto Maria da Penha vai apontar comportamento do mercado de trabalho frente às vítimas
(Folha de Pernambuco, 05/09/2019 – acesse no site de origem)
As mulheres que estão no mercado de trabalho e são vítimas de qualquer tipo de violência terão um importante aliado no futuro próximo. Ainda neste ano, serão apresentados os resultados da pesquisa “A violência contra mulher sob perspectiva do mundo corporativo”. Lançado nessa quarta-feira (4) no Recife, o levantamento será realizado pela Talenses e Instituto Vasselo Goldoni com o apoio do Instituto Maria da Penha (IMP) e outras empresas com atuação em todo País. A expectativa é que os dados sejam apresentados em meados de novembro.
Segundo a fundadora do Instituto Vasselo Goldoni, Edna Goldini, mais de dez mil empresas já estão cadastradas para participar da pesquisa. “Temos como objetivo levantar dados, mas não apenas isto. Também queremos trazer a solução de como as empresas possam efetivamente tratar a temática da violência e acolher as mulheres vítimas de violência. Este levantamento vem para que a gente possa quantificar o que elas estão fazendo, quantas empresas estão agindo e como estão atuando. A pesquisa é para provocar”, comentou.
Os dados coletados serão usados para alimentar a plataforma Rota VCM (Vida, Coragem, Mulher), que vai reunir todas as informações que unem a questão da violência, seja a empresa, a família, a sociedade civil. “O empresariado vai encontrar em uma única plataforma tudo o que se refere a questão do combate. Qual o papel da empresa, quais os principais aplicativos no mercado, quais as principaos cartilhas, para que ele não tenha dúvida qual ação ele deve fazer nós seremos um orientador, seremos um caminho para que ele possa seguir”, disse.
Para a deputado estadual Gleide Angelo (PSB), a pesquisa é de fundamental importância para encontrar as melhores formas de ajudar essas vítimas. “muitas mulheres já têm emprego, estão no mundo corporativo, e sofrem assédio, violência, mas muitas empresas não se importam com isso. A pesquisa é uma forma de direcionar. Primeiro para saber como está hoje a realidade das mulheres nas empresas com relação a violência que sofrem em casa ou assédio moral no trabalho. É uma forma de dar segurança para as mulheres dentro das empresas”, comentou.
A farmacêutica Maria da Penha, que dá nome à lei criada para estipular punição adequada e coibir atos de violência doméstica contra a mulher, toda ação que aumente o conhecimento da sociedade sobre o assunto é bem-vindo. “Enquanto os homens são assassinados numa briga de trânsito ou numa confusão no futebol, porque beberam demais, as mulheres são assassinadas em casa por quem devia protegê-las”, falou.
Instituto
Será inaugurada nesta quinta-feira (5) à tarde a primeira unidade do Instituto Maria da Penha (IMP) em Pernambuco, que vai funcionar no prédio da Secretaria do Trabalho, Emprego e Qualificação do Estado de Pernambuco, localizado na Rua Marquês de Olinda, Bairro do Recife. O espaço irá atender mulheres vítimas de violência doméstica com medida protetiva, para ajudá-las a entrar no mercado de trabalho. Elas irão participar de cursos profissionalizantes e serão encaminhadas para empresas parceiras.
De acordo com a co-fundadora e vice-presidente do IMP, Regina Célia, inicialmente será feito um projeto-piloto no Recife e em cerca de seis meses espera-se levar a iniciativa para todo o Estado. Entre os objetivos estão o acolhimento, a atenção psicológica e jurídica, a formação voltada à empregabilidade e empreendedorismo com fins de fortalecer as mulheres vítimas de violência doméstica e familiar.
Ela vai ter segurança financeira, mas precisa também ter um apoio psicológico e jurídico porque algumas das vezes que elas são reintegradas no mercado de trabalho, voltam para o antigo companheiro ou entram em um novo relacionamento, ela passa a sofrer violência patrimonial. Muitas vezes estas mulheres não percebem, mas são abusadas economicamente. Ela precisa ter um certo discernimento de que essa nova condição financeira dela é para ajudá-la a garantir sua independência”, falou Regina Célia.
Por Wellington Silva