A partir de base da Plataforma Lattes, a Gênero e Número identificou mulheres que têm contribuições importantes para a pesquisa em cinco áreas do conhecimento; Projeto Open-Box da Ciência, que será lançado no dia 12/02, em São Paulo, mostra esse grupo em plataforma online e com visualizações interativas
Pesquisas de destaque no Brasil coordenadas por mulheres são noticiadas com alguma frequência. Já não é novidade a presença delas em espaços de ponta da produção científica. Essas cientistas, entretanto, ainda repercutem pouco. Fora dos laboratórios e centros onde atuam, seus nomes são conhecidos em premiações ou se estudos assinados por elas ganham alcance midiático. A Gênero e Número, organização de mídia que atua na interseção da pesquisa, do jornalismo de dados e do debate sobre gênero e direitos das mulheres, assumiu o desafio de apresentar, em uma única plataforma, a Open Box da Ciência (http://www.openciencia.com.br/), os nomes e pesquisas de protagonistas da ciência, com recursos visuais e narrativos. É um universo de 250 mulheres, de cinco áreas áreas do conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Exatas e da Terra, Engenharias, Ciências Biológicas e Ciências da Saúde. A plataforma será lançada no dia 12 de fevereiro, em evento no Sprace, em São Paulo. O projeto tem apoio do Instituto Serrapilheira.
Para chegar ao grupo destacado no Open Box da Ciência, foi aplicada uma metodologia de de extração e análise de dados (ler mais abaixo) em toda a base de dados que compõe a plataforma Lattes. Em seguida, tendo como referência critérios da Capes para a concessão de bolsas de apoio à pesquisa, a equipe de dados e desenvolvimento produziu um algoritmo para que todas as pesquisadoras que já alcançaram o doutorado pudessem ser listadas. “Isso foi interessante porque para além da plataforma digital que vamos lançar, que traduz o objetivo do projeto, de visibilizar um grande grupo de mulheres, organizamos e temos uma base de cada nome que que consta no Lattes com doutorado”, explica a coordenadora do projeto e diretora da Gênero e Número, Giulliana Bianconi. Entre os desdobramentos do trabalho, está a cartografia abaixo, que compõe a plataforma.
Na segunda visualização de dados, estarão linkadas as pesquisas dessas 250 mulheres. Há também entrevistas com mais de 20 cientistas, assim como duas reportagens que contextualizam, com dados, a presença das mulheres negras na pesquisa brasileira.
Entre as protagonistas entrevistadas, está a vice-presidente da Sociedade Internacional de Terapia Celular e Genética, Patricia Rieken Macedo Rocco, também vice-presidente da Sociedade Brasileira de Fisiologia e membro titular das Academias Brasileira de Ciências e Academia Nacional de Medicina. As pesquisas da médica carioca Patricia Rieken Macêdo Rocco marcam um antes e um depois no que diz respeito à doença respiratórias. A pesquisadora que desenvolveu terapias que se relacionam ao tratamento da asma, enfisema e fibrose pulmonar tem como objetivo a melhor qualidade de vida dos pacientes com essas doenças. Sua pesquisa foi premiada com o II Prêmio Cientistas e Empreendedores do Ano do Instituto NanoCell em 2018 e Prêmio Amil de Medicina 2007.
Para a Gênero e Número, uma iniciativa que fala sobre gênero na ciência precisa também contemplar o debate sobre questões raciais, de forma interseccional. Dados sobre a presença de mulheres negras na docência – graduação e pós-graduação -, extraídos de outra base pública complexa, o Censo do Ensino Superior 2018, também fazem parte da plataforma, e serão apresentados em visualizações estáticas.
Ainda na plataforma, um termômetro permitirá a qualquer usuária inserir suas próprias informações (as mesmas usadas pelo algoritmo para listar as mulheres doutoras no Open-Box da Ciência). O cálculo será feito em tempo real e será possível visualizar no termômetro onde a pesquisadora encontra-se numa escala de produção científica que vai de zero ao maior número localizado pelo algoritmo do Open-Box entre todas as doutoras listadas anteriormente.
Mesa de lançamento
O evento de lançamento será realizado no Sprace (o Centro de Pesquisa e Análise de São Paulo), em evento aberto ao público (inscrições aqui) no Auditório do IFT-Unesp, onde também será apresentada a Agência BORI, organização que trabalha a divulgação científica promovendo a ponte entre institutos e centros de pesquisa e a mídia. As coordenadoras da Bori, Sabine Righetti e Ana Paula Morales, abrem a programação com a mesa sobre jornalismo científico no Brasil, onde estarão a editora de Ciência e Saúde da Folha, Mariana Versolato, o diretor-geral do IMPA – Instituto de Matemática Pura e Aplicada, Marcelo Viana e o diretor do Programa SciELO Network/FAPESP, Abel Packer,.
Na sequência, a mesa sobre Protagonismo Feminino na Ciência, organizada pela Gênero e Número, conta com as cientistas Helena Carla Castro, coordenadora do Laboratório de Antibióticos, Bioquímica, Ensino e Modelagem molecular (LABiEMol) da Universidade Federal Fluminense (UFF), e a física Sandra dos Santos Padula, que tem uma larga produção em física experimental, com contribuições em rede, no Brasil e no exterior. A mediação será da jornalista Vitória Régia da Silva, autora da maioria dos perfis que estarão disponíveis na plataforma. A cientista de dados Natália Leão, responsável pela pesquisa de dados e metodologia do projeto, também estará na mesa.
Metrô de acesso: Metrô Estação Palmeiras/Barra Funda