Levantamento exclusivo mostra que vítimas de violência sexual, mulheres com risco de morrer devido à gravidez e casos de anencefalia ficam ainda mais desassistidas na pandemia; apenas 42 hospitais mantêm o atendimento
(Revista AzMina e Gênero e Número | 02/06/2020 | Por Vitória Régia da Silva e Letícia Ferreira)
A única forma de aborto legal é camisinha e pílula”, diz a atendente da maternidade do Hospital das Clínicas de Botucatu (SP), quando questionada se o hospital oferece o serviço de aborto legal. Antes dela, outra colega havia desligado o telefone ao ouvir a pergunta. Somente após a reportagem explicar sobre os casos previstos em lei é que a ligação foi transferida para uma enfermeira, que informou que o serviço estava funcionando.
No hospital Universitário Ebserh Polydoro Ernani, em Florianópolis (SC), ao ser perguntada sobre a oferta do serviço, uma funcionária respondeu em tom de deboche: “Jamais”. Após insistência da reportagem, ela encaminhou a ligação para a maternidade. A resposta: “Não é aborto legal, meu anjo, não existe isso aqui, depende do protocolo”.
A lei no Brasil garante que a interrupção da gestação é permitida para vítimas de violência sexual, casos de anencefalia do feto e quando há risco à vida da gestante. No entanto, o acesso a esse direito nem sempre é garantido. Por isso, checamos como está o atendimento durante a pandemia.