Vítima de violência sexual, Márcia* tem direito a aborto legal no Brasil. Ela quer exercer esse direito. Porém, estamos em período de isolamento social e Márcia vive em Roraima, estado isolado pelo lockdown da Venezuela e do Amazonas, e onde não há serviço de acolhimento para mulheres como ela. “A gente só sabe uma coisa: que a gente não quer, que a gente não pode. E o resto tudo é medo”, diz, em depoimento comovente publicado no perfil da iniciativa Milhas Pelas Vidas das Mulheres.
(Ecoa | 05/06/2020 | Por Carina Martins)
Desde o início das medidas de isolamento, essa iniciativa já ajudou 21 mulheres como Márcia a conseguirem acessar o serviço a que têm direito em deslocamentos dentro do Brasil. É uma parte significativa da operação que, este ano, proporcionou aborto legal e seguro a 42 mulheres – das quais 18 foram levadas a países como Argentina, Colômbia e México por não se enquadrarem nos critérios de legalidade brasileiros. Para isso, o Milhas de conta com uma rede de voluntárias e faz campanhas por doações, vendas de obras doadas por artistas e criadores, além de ter um programa de colaboração mensal e receber doações de milhas aéreas. Em breve, será criada também uma espécie de boutique online, em que a venda de itens de viagem se transformará em renda.