(CartaCapital | 10/03/2021 | Por Mabel Dias, Mônica Mourão, Natasha Brand e Ramênia Vieira)
Apesar de respeitar o aborto legal no Brasil, em geral, a imprensa não relaciona o tema à cultura do estupro nem à educação sexual, não aprofunda as respectivas questões interseccionais e costuma blindar os ministérios da Saúde e da Mulher, Família e Direitos Humanos – como no caso que chocou o país da menina de dez anos, vítima de estupro, que enfrentou dificuldades para realizar o aborto legal.
Na maioria dos casos, o posicionamento dos veículos é de mera defesa da legalidade, sem debater o o aborto como parte dos direitos sexuais e reprodutivos, fundamental para a autonomia das mulheres.
A conclusão faz parte dos resultados preliminares da pesquisa que vai compor o relatório Vozes Silenciadas – Direitos Sexuais e Reprodutivos, produzido pelo Intervozes. Analisamos a cobertura de alguns dos principais meios de comunicação no Brasil, nos anos de 2018 (entre 1º e 10 de agosto, período em que aconteceram audiências públicas no Supremo Tribunal Federal sobre aborto) e 2020 (nos meses de agosto e setembro, quando veio à tona o caso da criança de dez anos e foram publicadas novas regras para o aborto pelo Ministério da Saúde). Foram estudados os jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e O Globo; os telejornais Jornal Nacional, Jornal da Record e SBT Brasil e a Agência Brasil.
Foto: Mídia Ninja