(Época | 17/04/2021 | Rodrigo Castro)
Em uma residência de São Paulo, uma babá passou a morar em seu local de trabalho em meio à pandemia. Ela precisou entregar o imóvel onde vivia para ficar direto na casa dos patrões, que condicionaram a manutenção de seu emprego à estadia direta para evitar riscos de contágio. Mas enquanto a criança da qual cuidava não dormia, não havia horário para o fim de sua jornada.
A situação é um dos relatos de trabalhadores domésticos que estão sem folga ou foram induzidos a permanecer até meses na casa dos empregadores durante a pandemia. Sindicatos de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia receberam mais de 100 pedidos de ajuda relacionados a esse tipo de caso desde a chegada da Covid-19 ao Brasil. Entidades dos três estados estão entre as que mais reportaram denúncias ao menos informais sobre violação de direitos, conforme comunicado à Federação Nacional de Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad).
Com medo de serem demitidos, muitos aceitam as condições impostas pelos patrões ou evitam recorrer às autoridades competentes. Em alguns casos, os trabalhadores desistem inclusive de acionar os sindicatos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 1,2 milhão de pessoas perderam o emprego nessa atividade em 2020, o que representa 16% das vagas fechadas no ano passado.