(O Globo| 20/04/2021 | Leda Antunes)
RIO. Amplamente adotado durante a pandemia em países onde o aborto é legalizado, como o Reino Unido e os Estados Unidos, o serviço de interrupção legal da gravidez via telemedicina chegou ao Brasil. A iniciativa é capitaneada pela ginecologista e obstetra Helena Paro, coordenadora do Núcleo de Atenção Integral a Vítimas de Agressão Sexual (Nuavidas) do Hospital das Clínicas de Uberlândia e, desde agosto, já atendeu 15 pacientes na modalidade.
No Brasil, o aborto só é permitido em casos de estupro, risco de vida à gestante e anencefalia fetal. Em tese, o procedimento deveria ser feito em qualquer hospital, mas costuma ficar restrito aos centros especializados, como o Nuavidas, em Minas Gerais. Em meio a uma crise sanitária sem precedentes que pressionou todo o sistema de saúde brasileiro, a coordenadora do núcleo decidiu criar um protocolo de atendimento via telemedicina para não deixar as mulheres que a procuravam na mão e evitar que o serviço, considerado essencial pela Organização Mundial da Saúde, deixasse de ser oferecido.
A partir da lei que autorizou a telemedicina no país durante a crise sanitária, o protocolo foi desenvolvido pela equipe do Nuavidas em parceria com o setor de Farmácia do hospital e a equipe jurídica do Instituto de Bioética Anis. Proposto em maio, foi autorizado em agosto pelo Conselho de Ética do hospital, quando Paro atendeu a primeira paciente.