(Universa | 08/05/2021 | Por Luiza Souto)
Em maio de 2019, a maquiadora Andreza Nascimento, 23, postou no Facebook que ela e um amigo haviam sido sequestrados na porta de sua casa, em Cabo Frio (RJ), por três homens. Enquanto o amigo teria sido trancado no porta-malas, ela afirma que era estuprada pelo trio dentro do carro em movimento, com uma arma apontada para sua cabeça. “No meu corpo, tudo que vocês possam imaginar.” O suplício, escreveu, levou quatro horas. Ao final, diz que ela e o amigo foram trancados no porta-malas e que os criminosos, antes de fugir, ameaçaram atear fogo nos dois.
Por meio da Lei de Acesso à Informação, Universa obteve dados do Ministério da Saúde sobre a ocorrência de estupros coletivos no país desde 2011. Naquele ano de 2019, a pasta registrou 5.372 casos: 14 por dia, ou cerca de um a cada cem minutos. Essa informação foi coletada de vítimas que buscaram um hospital para atendimento, como foi o caso de Andreza.
Desde 2011, as notificações de violência doméstica, sexual e outras violências tornaram-se compulsórias para todos os serviços de saúde, públicos ou privados. Elas são enviadas para o Sistema de Vigilância de Violência Interpessoal e Autoprovocada, ligado ao Sistema de Informações de Agravos e Informações, do Ministério da Saúde.
“Tenho traumas até hoje, crises de choro. Há dias que não consigo fazer nada. Mudei de casa, saí do emprego que eu tinha, deixei de fazer coisas que eu amava, não saio mais sozinha, sempre ando desconfiada de tudo. Ainda preciso muito de ajuda para superar isso, mas também consigo ter momentos felizes e, aos poucos, construo tudo de novo, tijolo por tijolo”, diz Andreza a Universa.