(UOL | 29/05/2021 | Por Jamil Chade)
O governo de Joe Biden promove uma guinada radical na posição americana em relação à educação sexual e direitos reprodutivos e cria uma aliança global para defender os temas na agenda internacional. Um dos principais objetivos é a de se contrapor a uma ofensiva de governos ultraconservadores que, nos últimos anos, vêm tentando redefinir o conceito de direitos humanos, entre eles o Brasil. Com mais de 50 países, o governo americano anunciou nesta sexta-feira na OMS (Organização Mundial da Saúde) a iniciativa. O Brasil, porém, ficou de fora. Nos últimos anos, o Itamaraty havia se aliado ao governo de Donald Trump numa aliança que ia exatamente no sentido contrário.
O argumento da pasta da ministra Damares Alves e de membros do governo à de que existe um plano para usar argumento de saúde pública como justificativa para introduzir a possibilidade de aborto no direito internacional. A tese é contestada por europeus e outros países. Ao assumir a Casa Branca, Biden retirou os EUA do bloco. Mas o governo brasileiro deixou claro que continuaria a manter o mesmo posicionamento e não abandonaria a aliança, formada por governos de extrema-direita, ultraconservadores e regimes islâmicos.
Agora, a nova aliança quer deixar claro que o caminho adotado pelo Brasil será contestado. O bloco conta com algumas das principais democracias do mundo. Além de praticamente todos os europeus, a iniciativa conta com Austrália, Canadá, Israel, África do Sul ou Japão. Da América Latina, estão na aliança governos da Argentina, Costa Rica, México, Peru e Uruguai.