Ex-moradora da Casa Nem, espaço de acolhimento de pessoas LGBTQIA+ Rio, Naomi Savage conseguiu o primeiro trabalho na área de cultura após curso de capacitação no abrigo. Brasil teve 56 assassinatos de pessoas trans no início do ano e, ao mesmo tempo, está entre os países que mais consomem pornografia com transexuais.
A produtora cultural Naomi Savage, mineira de 40 anos, acredita que a comunidade LGBTQIA+ conquistou algumas vitórias nos últimos anos, e o direito ao registro do nome social é uma delas. Segundo ela, empresas têm oferecido oportunidades para pessoas transexuais, mas não têm proporcionado um ambiente receptivo.
MAIS QUE UMA LETRA: no mês do orgulho LGBTQIA+, o G1 ouve pessoas da comunidade para explicar o que significa cada uma das letras, falar sobre seu processo de descoberta e os desafios que enfrentam.
Naomi é uma mulher trans: ou seja, não se identificou com o sexo ao qual foi designada no momento do nascimento, assumindo a identidade de gênero feminina. Ainda que tenha esperado 34 anos para decidir iniciar o processo de transição, foi uma percepção que ela teve ainda muito nova.
“Eu tive essa percepção, de ser uma mulher trans, bem nova, ainda. Mas, ao mesmo tempo, eu encontrava dificuldade para me transicionar. Eu devia ter, na época, uma faixa de 7 anos”.
As dificuldades às quais ela se refere são sobre representatividade. Em seu ciclo de amizade, até então, não conhecia nenhuma pessoa trans. As referências que ela tinha na infância e na adolescência eram aquelas que eram chamadas de forma pejorativa de “travestis”.