O Nuavidas realiza o acolhimento multidisciplinar de mulheres desde 2017. Devido à pandemia, os atendimentos foram adaptados, mas permanecem legais e seguros
(Correio Braziliense | 08/07/2021 | Por Isabela Bernardes)
Um projeto criado em 2017 para apoiar mulheres e meninas vítimas de abuso sexual em Uberlândia está passando por uma fase de pioneirismo no Brasil. O Núcleo de Atenção Integral a Vítimas de Agressão Sexual (Nuavidas) iniciou os primeiros atendimentos de aborto por telemedicina em agosto de 2020 e apesar de enfrentar críticas, o serviço é legalizado e seguro.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, por dia, cerca de 180 meninas e mulheres são estupradas no Brasil. Entre as vítimas, por hora, quatro são crianças de até 13 anos.
Em Minas Gerais, apenas uma menor de 14 anos teve a gravidez interrompida em 2020, segundo dados do DataSUS, diante de 554 adolescentes com menos de 14 anos grávidas e de 844 casos de estupro de vulnerável registrados no estado de janeiro a junho do ano passado. Em média, são 4,6 casos de meninas de até 14 anos estupradas por dia no estado.
Além do trauma emocional e físico, algumas vítimas também sofrem com outra grande consequência, a gravidez. Nestes casos, o aborto é permitido no Brasil e realizado apenas em serviços de saúde.
Com a pandemia, o acesso à hospitais e internações ficou mais difícil para procedimentos não relacionados à covid-19, por isso, o Ministério da Saúde aprovou uma portaria em março do ano passado, permitindo o uso da telemedicina, enquanto durar a emergência sanitária no Brasil.