Em 2019, violência armada vitimou de maneira desproporcional mulheres negras, jovens e do Nordeste
(Folha de São Paulo | 05/08/2021 | Por Fernanda Mena)
Nos últimos 20 anos, 51% das mulheres vítimas de violência letal foram mortas por disparo de armas de fogo, segundo levantamento inédito feito pelo Instituto Sou da Paz (ISP) a partir de dados dos sistemas de notificação de violência do Ministério da Saúde.
Em 2019, ano dos dados mais recentes do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), utilizado no estudo, o percentual de mulheres assassinadas com emprego de arma de fogo fica um pouco abaixo, em 49%.
O perfil dessas mortes por emprego de arma de fogo aponta para uma maioria de mulheres negras (70,5%), jovens (51,8% tinham até 29 anos de idade) e da região Nordeste, que concentra 43% dos homicídios de mulheres por violência armada.
A desproporção do assassinato de mulheres negras, que representam 7 a cada 10 mortes, mas 5 de cada 10 brasileiras, evidencia mais um aspecto perverso do chamado racismo estrutural, que historicamente torna vulneráveis as populações pretas e pardas do Brasil.