Nathalie Malveiro, promotora de Justiça de enfrentamento da violência doméstica do MPSP, fala sobre caso do adolescente que matou o pai para defender a mãe
(Papo de Mãe – UOL | 06/08/2021 | Por Ana Beatriz Gonçalves)
Esta semana em que a Lei Maria da Penha completa 15 anos (dia 7) foi marcada por mais uma tragédia envolvendo violência doméstica. Na última quarta-feira (4), o caso de uma família do interior de São Paulo, em Valinhos, veio à tona e impressionou com o final trágico. Um adolescente de 14 anos matou o próprio pai enquanto tentava se proteger e também proteger a mãe.
Segundo as autoridades, o homem tinha histórico violento e agredia a própria esposa. De acordo com matéria do portal UOL, o adolescente foi tentar defender a mãe durante uma discussão familiar, e foi ameaçado pelo pai com uma barra de ferro. O tenente da Polícia Militar, Juliano Cerqueira, confirmou a história após apurar o caso: “O empresário era uma pessoa violenta, ameaçava mãe e filho constantemente e o tempo todo andava com uma arma na cintura, inclusive dentro de casa. Ontem houve mais uma discussão entre o casal e o garoto pegou a arma e, com medo do que pudesse acontecer com a mãe, atirou contra o pai”, disse. (veja a publicação).
Infelizmente histórias como essa são comuns, diz Nathalie Malveiro, que é Promotora de Justiça de enfrentamento da violência doméstica do Ministério Público de São Paulo há quase 30 anos. Em entrevista ao Papo de Mãe, a especialista afirma que o ciclo da violência doméstica é extremamente prejudicial para crianças e jovens, além é claro, de ser crime.
“O que a gente sabe de estudos, é que uma criança que presencia violência doméstica vai ter consequências de curto, médio e longo prazo. Os impactos são gigantes, entre eles, ocorre uma naturalização da violência. E nesse caso, um impacto extremo porque no fim das contas ele acabou matando o próprio pai”, comenta.
*Ana Beatriz Gonçalves é jornalista e repórter do Papo de Mãe