COI prega Jogos com paridade de gênero, mas tropeça com renúncias por sexismo e diretoria desigual
(Folha de São Paulo | 08/08/2021 | Por Anna Virginia Balloussier e Camila Mattoso)
Nem uma a menos. Após a participação feminina chegar a 45,6% na Rio-2016 e 48,8% em Tóquio-2020, os Jogos de Paris terão pela primeira vez na história olímpica 50% de atletas mulheres.
No Japão, no pódio ou fora dele, elas ditaram histórias sobre superação e saúde mental, dois temas incontornáveis nestas Olimpíadas. A neozelandesa Laurel Hubbard, que já havia dito ter de lidar com “a pressão de um mundo que não foi feito para pessoas como eu”, ficou sem medalha no levantamento de peso, mas entra para a história como a primeira mulher trans no principal evento esportivo do mundo.
Dos EUA, Simone Biles e Raven Saunders ajudaram a diluir a imagem do atleta que não pode cair do Olimpo ao mostrarem que de nada adianta um corpo são sem mente idem.
A ginasta, vista como imbatível, desistiu de provas para preservar a sanidade. Já a arremessadora de peso, homossexual negra com histórico de depressão, formou um “X” com os braços após receber a prata. Depois, explicou que o protesto significava “o cruzamento onde todos os oprimidos se encontram“.
Também do país veio Allyson Felix, que dois anos e meio após uma gravidez de risco conseguiu um bronze e um ouro em Tóquio. Bateu Carl Lewis e o recorde de pódios do atletismo americano, com 11.
Com quatro ouros e três bronzes, a nadadora australiana Emma McKeon saiu das piscinas da capital japonesa com mais medalhas do que qualquer outro dos 11 mil atletas na competição.
Mulheres foram decisivas para o Brasil superar o maior número de medalhas em uma só edição dos Jogos Olímpicos. Dos 21 pódios com presença de atletas brasileiros, nove vieram de disputas femininas, quase o dobro dos cinco conquistados pelas competidoras em 2016. Enquanto os homens ganharam 10,16% das medalhas que disputaram em Tóquio (12 em 118), as mulheres venceram 11,25% (9 de 80).