Mulheres indígenas ocupam Brasília e pedem direitos. “Luta é diária. Somos as bases do nosso povo”
(UOL / ECOA | 17/09/2021 | Por Mara Barreto Sinhosewawe Xavante)
“É muito importante a mulher estar à frente de qualquer liderança dentro das nossas comunidades como forma de mostrar o quanto somos fortes e capazes de exercemos também muito bem a função de liderança e servir de boa inspiração para as futuras gerações”, disse Carmem Canlem Criri, 27, cacique recém-nomeada na aldeia Kóplag que integra a Terra Indígena Klãnõ Xokleng, em Santa Catarina.
Carmen era uma das líderes presentes na 2ª Marcha das Mulheres Indígenas que ocupou Brasília entre os dias 7 e 10 de setembro para lutar pelos direitos das populações indígenas. Sob o tema “Mulheres Originárias: Reflorestando mentes para a cura da Terra”, a mobilização reuniu quatro mil mulheres de 150 etnias de diversos estados do país e fortaleceu o apoio ao acampamento Luta Pela Vida que tenta barrar o Marco Temporal.
O acesso à educação foi fundamental para que mais mulheres indígenas se pudessem se envolver em política e buscassem ocupar cargos de liderança em suas comunidades e também fora delas. É o que afirma Ioco Canleng, 49, e liderança da etnia xokleng, da Aldeia Figueirinha, também em Santa Catarina.
“No passado, as mulheres não tinham conhecimento dos próprios direitos, leis e política, mas hoje os tempos são outros. Depois da escola, passamos a nos interessar pelo assunto e, assim como eu, nos candidatar para ocupação de cargos de lideranças e caciques para ajudar e lutar por melhorias do povo”, disse ela, que também esteve na Marcha em Brasília. “Foi uma experiência incrível que só fortaleceu nosso papel social, o que mostra o quanto somos fortes e guerreiras.”