Entenda a importância da Lei que garante a distribuição de absorventes em escolas públicas e saiba o porquê é tão importante acabar com a pobreza menstrual
(E Mais – Estadão | 27/09/2021 | Por Larissa Cassiano)
Existe um nível de pobreza e vulnerabilidade tão abissal que as pessoas que vivem nessas condições não sabem que existe uma palavra ou um termo que denomine a situação. O contexto e a luta diária são tão maiores que o que importa dar nome a ela. O que importa?
Quando uma criança nasce, ela ganha um nome. Quando esta mesma criança começa a se alfabetizar a primeira coisa que ela aprende é escrever o próprio nome. Uma “coisa” só deixa de ser “coisa” quando ela passa a ter nome. Ganha status de objeto e passa a ser valorizada e observada de outra maneira. E o que acontece quando a gente dá nome a uma condição social?
Ela passa a existir. E passa a existir para além do seu contexto e é só assim que nós, como sociedade, passamos a observá-la e enxergá-la com a devida atenção. Dar nome é um ato determinante e quando a gente o faz, a gente se apropria de determinado contexto, cultura, pessoa ou objeto.
Pobreza menstrual é um conceito que reúne em duas palavras um fenômeno complexo, transdisciplinar e multidimensional, vivenciado por meninas e mulheres devido à falta de acesso a recursos, infraestrutura e conhecimento para que tenham plena capacidade de cuidar da sua menstruação. É recorrente o total desconhecimento do assunto ou, quando existe algum conhecimento, há a percepção de que é um problema distante da realidade brasileira.