15/06/2012 – Governo chinês se desculpa por aborto forçado de feto de 7 meses

15 de junho, 2012

(Cláudia Trevisan, de O Estado de S. Paulo) O caso de uma mulher de 22 anos submetida a um aborto forçado no sétimo mês de gravidez provocou uma onda de indignação na China e forçou o governo a afastar três responsáveis pelo programa de controle de natalidade em Ankang, cidade da Província de Shaanxi.
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Foto do feto ensanguentado ao lado da mãe, Feng Jianmei, foi colocada na internet, provocando uma chuva de críticas ao governo. O tema recebeu o maior número de comentários nos últimos dias nos microblogs do país, que têm cerca de 400 milhões de usuários.

Autoridades de Ankang anunciaram o afastamento dos funcionários e apresentaram um pedido de desculpas a Feng e a seu marido, Deng Jiyuan. Ambos têm uma filha de 5 anos e não conseguiram pagar a multa de 40 mil yuans (R$ 12,9 mil) por violar a política de filho único.

Em resposta, os responsáveis pelo controle de natalidade sequestraram Feng em sua casa e a mantiveram por três dias em um hospital. Lá, ela recebeu uma injeção que induziu o trabalho de parto e matou seu bebê.

Além do pedido de desculpas, as autoridades locais disseram que a família poderá ter outro filho. A nota disse ainda que o aborto forçado era uma “séria violação” da política de planejamento familiar e tinha provocado “influência extremamente negativa na sociedade”. O pai da criança morta, reagiu com indignação à oferta do governo. “O governo não deveria nos dizer se podemos ou não ter filhos”, afirmou ao jornal South China Morning Post, de Hong Kong.

Apesar de ilegal, a prática de abortos forçados é amplamente utilizada na China para obrigar famílias a ter apenas um filho. O ativista cego Chen Guangcheng atraiu a ira de autoridades de sua vila na Província de Shandong após iniciar, em 2005, uma ação em nome de 7 mil mulheres que haviam sido submetidas a abortos contra sua vontade. Condenado sob acusação de organizar multidão para atrapalhar o trânsito, Chen cumpriu a pena de 4 anos e 3 meses de prisão e foi confinado a sua casa por 19 meses. A prisão domiciliar só chegou ao fim quando ele fugiu e se abrigou na embaixada americana.

Acesse em pdf: Pequim reage a críticas por foto de aborto forçado (O Estado de S. Paulo – 16/06/2012)


(Veja.com) Caso da jovem Jianmei Feng, detida por autoridades municipais e obrigada a interromper a gravidez, causou indignação no mundo todo

As autoridades chinesas emitiram um raro pedido público de desculpas para a mulher de 22 anos que foi forçada a abortar um feto de sete meses por já ser mãe de uma criança e não poder pagar a multa imposta pelo regime comunista por um segundo filho.

Apesar de ter ocorrido há duas semanas, o caso só veio à luz com a divulgação na quinta-feira de fotos de Jianmei Feng após o aborto. Nas imagens, a chinesa aparece abatida na cama de um hospital junto ao corpo do bebê morto.

“Como as ações ilegais de alguns oficiais feriram seriamente Jianmei Feng e sua família, queremos oferecer nossas sinceras desculpas a eles e ao público em geral”, diz o comunicado divulgado pelo governo municipal de Ankang, que administra a vila onde Feng reside. As autoridades locais afastaram três oficiais envolvidos no caso e prometeram punir todos os responsáveis. A nota diz ainda que o vice-prefeito visitou pessoalmente a famiília para prestar solidariedade.

Indignação – Dessa forma, o governo volta atrás em sua primeira versão sobre a ocorrência, de que não havia acontecido coerção, e tenta jogar panos quentes sobre uma história que provocou indignação fora e, principalmente, dentro da China, onde se tornou o assunto mais comentado nas restritas redes sociais do país – com a grande maioria dos usuários condenando a postura do regime.

Segundo o marido de Feng, Deng Jiyun, citado pela rede CNN, a chinesa foi detida ilegalmente por três dias e obrigada a assinar, contra a sua vontade, um acordo para o aborto. Deng afirmou que tentou até o fim juntar dinheiro para a multa de 40.000 yuan, o equivalente a 13.000 reais, mas não conseguiu. De acordo com ele, Feng permanece internada no hospital, traumatizada.

Acesse em pdf: China se desculpa por aborto forçado de feto de 7 meses (Veja.com – 15/06/2012)

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