18/06/2012 – Michelle Bachelet critica a falta de importância dada às mulheres 20 anos após a Eco 92

18 de junho, 2012

(R7 Notícias) A diretora executiva da ONU Mulheres, Michelle Bachelet, criticou nesta segunda-feira (18) a importância dada ao papel da mulher 20 anos após a Eco 92 (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento).

Segundo ela, naquela época, já existia esta conscientização, mas a Agenda 21(plano de metas para soluções ambientais), um dos principais resultados da conferência, não chegou a discutir o tema “igualdade de gêneros”. A ex-presidente do Chile diz esperar que a Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável) reafirme a valorização das mulheres nas tomadas de decisões na busca pelo desenvolvimento sustentável.
— Nós [mulheres] esperamos que os estados-membros reafirmem o empoderamento das mulheres nos processos decisórios para o desenvolvimento sustentável. É importante que elas sejam incluídas na liderança política e econômica.
Michelle ressaltou que, na América Latina, apenas 56% das mulheres estão à frente das decisões políticas e econômicas. Para a chilena, é inadmissível que as mulheres ainda enfrentem preconceito e sejam excluídas do poder.
— Não podemos deixar as mulheres marginalizadas no poder de decisão. A exclusão social da mulher não é apenas dela, mas de todos. Isto não é sustentável.
A ex-presidente do Chile disse ainda que, apesar de as mulheres terem conquistado ao longo destes 20 anos lugares que desejavam no mercado de trabalho, elas continuam sem acesso à qualidade da mão de obra dada aos homens.
— Atualmente, 43% dos trabalhadores rurais, por exemplo, são mulheres. Mas, elas não conseguem ter o mesmo acesso a tecnologias agrícolas que os homens. É importante investir na qualidade do trabalho delas.
reuniaomulhereslideres300_18062012_evelynmoraes_r7Michelle mostrou otimismo em relação ao tratamento dado pelos negociadores do documento final da Rio+20 com o tema “igualdade de gêneros”, mas criticou a abordagem específica.
— A participação das mulheres como contribuinte para o desenvolvimento sustentável não deveria ser apenas um parágrafo isolado, mas um tema inserido em todos os itens.
A ex-primeira Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, que acompanhou Michelle nesta manhã no Riocentro, na zona oeste do Rio de Janeiro, chamou a atenção para outra questão importante. Ela disse que as mulheres têm que ter acesso ao planejamento familiar no mundo.
— Elas têm que ter acesso ao crescimento populacional. São as mulheres que devem definir quantos filhos querem ou não querem ter.


(Thais Leitão e Vitor Abdala, da Agência Brasil no RJ) O documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que será entregue aos chefes de Estado e de Governo, deve contemplar de forma satisfatória, com importantes avanços, a questão da igualdade de gênero e do empoderamento das mulheres. A avaliação foi feita hoje (18) pela subsecretária-geral e diretora executiva da ONU Mulheres, Michelle Bachelet.

Segundo ela, que concedeu entrevista coletiva no Riocentro, zona oeste do Rio de Janeiro, o texto, que ainda está em negociação, traz a ideia chave das mulheres como força motriz do desenvolvimento sustentável e tem parágrafos específicos sobre o tema. 

“A redação, é claro, ainda pode ser melhorada, mas ele [documento] trata sobre essas questões do empoderamento das mulheres, de aumentar a participação das mulheres nos processos decisórios e na economia e do fortalecimento dos direitos das mulheres. A linguagem é boa e esperamos que continue nessa direção”, afirmou.

Ex-presidenta do Chile, Michelle Bachelet também ressaltou que houve uma preocupação para que a questão não ficasse restrita aos parágrafos que versam sobre o tema, mas que fizesse parte, de maneira transversal, de outros importantes assuntos que compõem o documento, como a erradicação da pobreza, os oceanos e as cidades.

“As mulheres têm papel importante no desenvolvimento sustentável em várias perspectivas e é por isso que não podem estar restritas a uma só área. Precisamos das mulheres na arena política, nos processos decisórios, na implementação de políticas públicas, também na arena econômica, em toda a cadeia de suprimento”, acrescentou.

Ela destacou que, de acordo com relato da ex-primeira ministra da Noruega e enviada especial do secretário-geral das Nações Unidas, Gro Brundtland, a participação feminina no mercado de trabalho norueguês chega a 75%. Na América Latina, entretanto, ela alcança 53% em média e está geralmente associada aos setores informais.

“Precisamos aumentar a capacitação das mulheres para que elas contribuam ainda mais para a economia mundial, mas também precisamos delas porque tomam decisões todos os dias em aspectos relacionados ao uso da água e da energia, por exemplo.

Precisamos delas para garantir que as três dimensões do desenvolvimento sustentável [social, econômica e ambiental] estejam de fato integradas”, ressaltou.

Acesse em pdf: Bachelet: documento da Rio+20 deve contemplar igualdade de gênero e empoderamento das mulheres (Agência Brasil – 18/06/2012)

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