21/06/2012 – Em discurso, Dilma diz que homens devem ajudar nas tarefas do lar

21 de junho, 2012

(Terra) A presidente da República, Dilma Rousseff, discursou na manhã desta quinta-feira (21) na 1ª Cúpula de Mulheres Chefes de Estado e de Governo da ONU, dentro da Rio+20, e considerou que para a expansão das mulheres no mercado de trabalho, a fim de que se eliminem as desigualdades ainda existentes em termos salariais, é preciso que “tal ação seja acompanhada pelo engajamento dos homens em tarefas domésticas, e demais atividades não remuneradas”.

“Precisamos antecipar os desafios emergentes para evitar que novas desigualdades se consolidem. É um trabalho que precisa ser compartilhado e reconhecido. As mulheres são a face principal da pobreza no mundo, junto com as crianças. Temos nossas conquistas, mas ainda é preciso avançar”, completou a presidente, arrancando aplausos do público, dentro do programa das Nações Unidas voltado para a mulher.

A ONU Mulheres é uma nova liderança global, criada em 2010, para defender os direitos da mulher pelo mundo, garantindo mais igualdade, e a extinção da violência e pobreza, a fim de que a ideia de desenvolvimento sustentável das nações seja mantida. A presidente da entidade é a primeira mulher a ser presidente na América do Sul, a chilena Michelle Bachelet, que abriu o encontro discursando sobre o que chamou de “necessidade urgente”.

“Se queremos criar uma paradigma de um mundo melhor para todos, as mulheres devem constituir uma força para as próximas gerações. Vamos trabalhar juntos para garantir estes direitos e poder compartilhar um futuro melhor”, afirmou Bachelet, acompanhada ainda da presidente da Costa Rica, Laura Miranda, da Lituânia, Dalia Grybauskaité, e das primeiras ministras da Jamaica, Portia Simpson, e da Austrália, Julia Gillard.

“Quando as mulheres tomam proveito de oportunidades iguais, a pobreza, a fome e a economia melhora. Isso cria uma sociedade mais saudável e mais sustentável”, completou Bachelet, em seu discurso no pavilhão 3 do Riocentro, um dos eventos mais disputados deste penúltimo dia da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.

Voltando as palavras da presidente Dilma, em sua fala, ela lembrou ainda que “as mulheres como geradoras de vida, ocupam em todas as sociedades humanas um papel especial, tanto no ponto de vista da proteção ao meio ambiente, quanto nas garantias de inclusão social, e como agentes do desenvolvimento”.

A presidente lembrou também que, no Brasil, o governo federal já tem a mulher como alicerce do lar, uma vez que programas populares como o Bolsa Família, por exemplo, tem 93% dos seus cartões de bolxa-auxílio na mão das mulheres, assim como o título de propriedade de imóvel do Minha Casa, Minha Vida, dentre as famílias mais pobres.

“O Brasil, como todos os outros países, ainda precisa fazer muito pela valorização da mulher. A determinação do meu governo é enfrentar toda e qualquer forma de discriminação. A lei Maria da Penha está aí para provar isso. É um caminho que cada um deve percorrer de acordo com o que disser sua sociedade e seus governos”, completou.

Protesto
Assim que finalizou o seu discurso, a presidente Dilma Rousseff, entre aplausos da plenária, viu ao fundo faixa de manifestantes com os dizeres: “direitos reprodutivos pela sustentabilidade”. É um protesto direto contra uma das grandes polêmicas envolvendo o texto final da Rio+20, enviado aos chefes de estado para os últimos três dias da conferência.

Dentre os vários parágrafos, a crítica gira em torno da retirada do texto “direitos reprodutivos”, que tem por objetivo designar a autonomia das mulheres na escolha do momento certo para ter filhos. Em troca, o documento fala em “saúde reprodutiva”, neste caso, referindo-se apenas a métodos de planejamento familiar.

O Brasil, assim como o Chile, da presidente da ONU Mulheres, Michelle Bachelet, sofreu forte pressão do Vaticano para a retirada do termo “direitos reprodutivos”, uma vez que o texto pode dar margem para a interpretação da descriminalização do aborto. Na leitura do discurso, Dilma abordou que seu governo “luta para garantir pleno acesso aos direitos sexuais e reprodutivos”, mas em nenhum momento comentou o veto ao termo no texto final da conferência das Nações Unidas.

Sobre a Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Depois do período em que representantes de mais de 100 países discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento ingressou quarta-feira na etapa definitiva e mais importante. Até amanhã, ocorre no Riocentro o Segmento de Alto Nível da Rio+20, com a presença de diversos chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não vieram ao Brasil, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Além disso, houve impasse em relação ao texto do documento definitivo, que segue sofrendo críticas dos representantes mundiais. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

Acesse em pdf: Em discurso, Dilma diz que homens devem ajudar nas tarefas do lar (Terra – 21/06/2012)

Nossas Pesquisas de Opinião

Nossas Pesquisas de opinião

Ver todas
Veja mais pesquisas