29/07/2012 – Mulher morta com o filho em Porto Alegre tentava se separar do marido

29 de julho, 2012

(G1) Encontrada morta junto com o filho na última quinta-feira (26) em Porto Alegre, a enfermeira Márcia Calixto Carnetti, de 39 anos, havia tentado se separar do marido, o principal suspeito do crime. A revelação está em um e-mail enviado pela vítima, relatado ao Fantástico pelo delegado Cléber Lima, que investiga o caso.
“Dia 15 de junho pedi a separação, e ele não aceita”, diz a mensagem.
A enfermeira e filho foram encontrados mortos a facadas na casa onde moravam, no bairro Tristeza, na zona sul de Porto Alegre. O suspeito é um bioquímico de 46 anos, marido de Márcia e pai de Matheus. Segundo a polícia, depois do crime ele saiu de casa e se jogou da ponte do Guaíba, na BR-290. O homem foi resgatado por pescadores e está internado sob custódia da Justiça no Hospital de Pronto Socorro.
Em bilhetes deixados na cena do crime, suspeito fala sobre suposta traição da mulher, diz que matou filho para ele não sofrer com sua prisão e anuncia que iria se jogar de ponte (Fotos: Felipe Truda/G1)
Funcionária da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS) da capital gaúcha, Márcia fez aniversário na terça-feira, dia 24 de julho. Mas a enfermeira não vivia um momento feliz. Segundo a polícia, o desentendimento com o marido já durava meses. Uma angústia que ela não costumava comentar. Poucos sabiam o que acontecia dentro da casa.
Uma série de bilhetes deixados pelo marido na cena do crime, no entanto, monta o quebra-cabeças de uma história de ciúme que terminou em tragédia. Em um deles, o suspeito admite que sentia ciúmes da mulher: “Depois de tudo que eu fiz te deixei muito triste. Eu também fiquei triste por ciúmes”, escreveu ele.
Desconfiado de uma suposta traição, o marido invadiu o e-mail da mulher. “Ele conseguiu por via de meios eletrônicos ter acesso aos e-mails dela. E ali ele teve uma comprovação de que ela se correspondia eletronicamente e estaria tendo um caso com uma outra pessoa de fora do estado. Esse foi o estopim pra essa tragédia familiar”, afirma o delegado.
Em uma dos e-mails, Márcia relata que sofreu duas ameaças do marido, que ela chama de verbalizações: “Tenho duas verbalizações pesadas dele, do tipo que eu vou para o céu”, escreveu a vítima.
O pai de Márcia, João Calixto, diz que ela vinha sendo perseguida pelo marido. “Ela falou pra mim que ele estava ameaçando ela. E que seguia diversas vezes na sua vida privada, na sua vida profissional, desconfiado, ciumento”, contou o pai, durante o velório da filha e do neto.
De acordo com o delegado Cléber Lima, a polícia tem evidências que o casal vinha brigando há meses. “Ele (o suspeito) teve oportunidade de se separar, como uma pessoa normal, cujo relacionamento já não dá mais certo, mas mesmo assim preferiu infernizar a vida da vitima”, destacou.
O desfecho trágico do relacionamento abalou a família de Márcia. Tido como um bom pai, o suspeito não tinha histórico de violência conhecido. “O filho tinha um amor muito grande por ele. Eu jamais imaginava que um cara, um psicopata, na minha opinião, depois de tudo isso, que ele fosse assassinar a minha irmã e o filho. Foi terrível pra mim”, afirmou o irmão da vítima, Rafael Calixto.
De acordo com o psiquiatra forense Paulo Oscar Teitelbaum, em excesso, o ciúme pode se tornar perigoso. “O ciúme doentio é um reconhecido fator de risco para situações de violência intraconjugal. Então, quando acontecem situações em que uma relação amorosa começa a se transformar numa relação de controle, uma relação de desconfiança, uma relação de humilhações, uma relação de domínio e posse, isso deve ser tomado como sinal de alerta”.
“As mulheres, às vezes, são levadas a não acreditar que os companheiros, os maridos, podem chegar a este momento extremo. Então é importante que a gente deixe esse lembrete a todos e a todas que sofrem em silencio essas agressões”, acrescenta o delegado Lima.

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