(Por Angela Freitas*, da Agência Patrícia Galvão) Uma mulher na Presidência de República “açula os ódios e instala uma sensação de ameaça enorme”. Bastante politizada, a primeira mesa do Seminário A Mulher e a Mídia 7 discutiu o processo eleitoral brasileiro de 2010, o papel da mídia e o espaço político conquistado pelos movimentos feministas.
Deslocamento da identidade masculina e branca muda racismo e sexismo
Para a socióloga Luiza Bairros, os homens têm revelado que sua masculinidade está sendo ameaçada pelos avanços da sociedade e o próprio enfrentamento da violência contra a mulher tem causado esse tipo de reação em marcha à ré. Poder é uma palavra masculina e, segundo a titular da Secretaria de Promoção da Igualdade da Bahia (Sepromi), assim é vivenciado, tanto que mulheres poderosas são referidas como ‘sargentão’, ‘autoritária’ ou ‘histérica’: “Não existe uma definição de poder que contemple as mulheres”.
Luiza Bairros apresentou o conceito de ‘deslocamento de identidades’ para mostrar que o racismo e o sexismo praticados hoje não são os mesmos de dez anos atrás. “O reposicionamento de nossa identidade negra e enquanto mulheres produziu um momento que chamo de ‘deslocamento de identidades’. Até então vivíamos em uma sociedade na qual o sujeito branco (homem ou mulher) era considerado universal. Do mesmo modo, os homens nunca se colocaram dentro da equação de gênero, a ponto de usarmos o termo ‘gênero’ como sinônimo de mulher”, afirmou a socióloga.
A eleição de Dilma Rousseff à Presidência da República foi exemplar como episódio provocador desse deslocamento da identidade masculina, forçada agora a emergir com sua verdadeira cara, pelo fato de termos a presença da mulher no cargo mais importante do país, justamente quando o Brasil incrementa sua posição no cenário internacional. “É poder demais para um grupo considerado subordinado!”, afirmou Luiza Bairros. “Existe também uma identidade racial branca, como consequência da ação do movimento negro, que mostrou sua face mais perturbada no contexto de luta. Há uma guerra contra as ações afirmativas e contra as cotas raciais, na qual a etiqueta foi quebrada e o racismo pode aparecer com todas as letras e com toda perversidade”, acrescentou a socióloga.
“As mulheres podem; mas será que elas dão conta?”
O blogueiro e jornalista da TV Record Rodrigo Vianna chamou a atenção para o tipo de mentalidade que ainda rege a imprensa, que nas Eleições 2010 produziu “coberturas jornalísticas casadas com campanha eleitoral, mostrando que a batalha é longa, a exemplo das batalhas de longa duração que se travam nas mentalidades, e que são diferentes das batalhas do campo da Economia e da Política, como analisou Fernand Braudel (historiador francês)”.
O jornalista citou o exemplo da TV Globo no anúncio da morte de Nestor Kirchner, em que o apresentador do telejornal indagava se a presidenta Cristina Kirchner daria conta de governar sem o marido. Na mesma semana uma onda apócrifa de telemarketing – certamente baseada em resultados de pesquisas qualitativas – invadiu as casas dos brasileiros com a pergunta se Dilma daria conta sem Lula. Isso tudo acontece ainda que se saiba que ambas são mulheres com uma história de militância política.
Alem da disputa de poder, Rodrigo Vianna coloca a questão da perplexidade frente à masculinidade ameaçada. “Os homens indagam se a mulher dá conta, quando nas relações pessoais são eles que não têm dado conta. Será que alguns homens que colocam em dúvida a capacidade das mulheres estão projetando a própria fragilidade? Não sou psicanalista, mas na área das mentalidades e da psicanálise esse tema rende”.
Adjetivo “perturbado” é feliz para qualificar reação a avanços
“Vivemos um momento de encontros e confrontos.” A frase é da jornalista Laura Capriglione, repórter especial da Folha de S.Paulo, que concorda que o adjetivo “perturbado” é feliz para qualificar a reação aos avanços do feminismo e da luta contra o racismo, quando pela primeira vez temos negros e mulheres ocupando determinados espaços. Para ela, ter uma mulher na Presidência “açula os ódios e instala uma sensação de ameaça enorme”. Ao mesmo tempo em que o novo governo está diante de oportunidades gigantescas de avanço, a jornalista vê riscos a enfrentar, como a discussão sobre cotas, que não está concluída, e a questão das mulheres e suas posições diante do poder: “Nós da imprensa e o movimento feminista vamos ter que nos preparar para um próximo período de grandes combates. Vamos assistir a reações perturbadas, loucas, descontroladas, de quem se sente de fato, e em realidade, ameaçado”.
Um exemplo por ela citado foi a declaração do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) na audiência pública realizada pelo Supremo Tribunal Federal sobre cotas nas universidades. O político se referiu aos ‘estupros consentidos de escravas negras nas senzalas’, querendo supor que a Escravidão não foi tão grave assim. Um discurso “louco e perturbado”, denunciou Laura Capriglione.
O bom desempenho de estudantes que acedem às universidades federais por meio das cotas comprova que o problema da exclusão está localizado antes dessa admissão. “Cobrir o debate sobre cotas no Supremo, e os dias posteriores à Audiência Pública, com as ofensas e xingamentos (dos contrários às cotas), nos faz aprender. Eu não me dizia feminista e tampouco politicamente correta. Hoje digo que sou feminista e que é necessário ser politicamente correto no Brasil de hoje. Porque, por detrás da negação do politicamente correto, o que se tenta impor é o direito de oprimir.”
Reações a violência discriminatória tornam a pauta desafiadora para jornalistas
Episódios recentes de agressões a pessoas negras, mulheres e homossexuais ilustram essa desafiadora pauta jornalística. A primeira defesa apresentada pelo advogado dos jovens homofóbicos da avenida Paulista foi dizer que os rapazes tinham sido ‘atacados’ com uma cantada ‘indecente’ e estavam apenas se defendendo, argumento aceito pelo delegado responsável pelo inquérito. Mas esse discurso, que descaracterizou a acusação de homofobia, foi demolido pela gravação da cena que comprovou a covardia.
No episódio da Faculdade de Veterinária da USP, meninos foram espancados por estarem se beijando. A jornalista da Folha avalia: “A USP sempre foi racista, sexista e homofóbica, mas hoje tem uma ‘turminha que está entrando e que não devia estar lá’. No regime de segregação quieta, muda, silenciosa e muito educada, estava todo mundo separado e não havia possibilidade de choque. Esse pessoal está chegando e vai chegar cada vez mais”.
Foram emblemáticos, pela reação que suscitaram, os episódios da UNIBAN (aluna hostilizada porque usou um vestido rosa considerado muito sexy), da PUC de São Paulo (aluna negra atacada com extremo preconceito no blog de uma colega, que ironizou sobre sua cor, cheiro e uso de creme nos cabelos crespos), da UNESP/campus de Assis (trote agressivo contra estudantes obesas). A jovem do vestido rosa abriu processo; a jovem negra reagiu abrindo o verbo na Internet e hoje há um processo administrativo na PUC que pode resultar em expulsão.
Laura Capriglione comentou que o conteúdo educativo desses processos é que, se antes as meninas ‘sabiam seu lugar’, hoje a realidade é outra. As gordas sempre foram humilhadas, mas dessa vez houve colegas que não aceitaram caladas: “Elas mesmas não denunciaram, mas a quantidade de mulheres que hoje se dizem feministas aumentou. Há hoje uma construção da noção de direito que não existia antes. As meninas se calaram, mas as que estavam na sala ao lado, do grupo de psicologia, ficaram escandalizadas e botaram o bloco na rua, pela noção de dignidade da mulher que hoje existe”.
Regulação da mídia em contexto democrático
Para a jornalista Ana Veloso, professora da Universidade Católica de Pernambuco, a mídia hegemônica tenta desqualificar questões como o racismo, o sexismo e a violência simbólica contra as mulheres, que operam de maneira sutil e também violenta, às vezes não percebida pela sociedade: “É pelos meios de comunicação que os valores do patriarcado e a homofobia são perpetuados. A sociedade ainda é refém disso. Embora vivendo num pais democrático, nossa mídia está concentrada, desregulada, e qualquer tentativa de regular é tida como censura, em detrimento de uma expressão de liberdade coletiva de exercer a comunicação como parte da comunhão entre a sociedade”.
A jornalista introduziu, assim, o tema mais candente do debate contemporâneo sobre mídia e democracia. Referiu-se ao momento histórico em que ventos sopram da Argentina, com Cristina Kirchner ousando debater a regulação dos meios, e em que o governo Lula causa impacto ao pautar essa questão. Há um grande debate e forte reação conservadora, e Ana Veloso avalia que houve, aqui também, um deslocamento de identidades, fazendo com que esse debate ocorra em novos termos, sob a influência dos movimentos sociais pela democratização dos meios de comunicação (e sua experiência acumulada nos anos recentes), que canalizaram suas propostas e reivindicações para a 1ª Conferência Nacional de Comunicação Social (Confecom, 2009), de cujo processo as principais corporações de empresas de comunicação se retiraram.
“A velha mídia será confrontada como nunca foi”
Ana Veloso lembrou que mulheres e jovens, entre outros atores sociais, vêm usando as redes da Internet para ações políticas. Apropriam-se das tecnologias por meio dos Pontos de Cultura, lan houses e outras políticas para a democratização do acesso. Um canal de incidência importante tem sido o uso do direito de resposta em casos de agressão por parte da mídia.
A debatedora citou uma ação política protagonizada por um grupo de ONGs de São Paulo, que culminou com a retirada do ar do programa “Tardes Quentes”, do apresentador João Kleber, da RedeTV!. O episódio, inédito, reverberou em todo o Estado, desencadeando ações educativas sobre prática do racismo nos meios de comunicação. Estão em curso processos para retirar do ar programas atentatórios contra mulheres e contra gays e lésbicas.
“O momento é rico de reação da sociedade, que começa a perceber que a comunicação está nas mãos de uma elite empresarial, racista, hétero e branca, que se retirou do processo da 1ª Confecom. Precisamos travar a outra batalha: implementar os resultados da Conferência. Mas realizar a Conferência já foi um descentramento desse poder, que é grande”, afirmou a jornalista Ana Veloso.
Rodrigo Vianna problematizou a supervalorização das redes sociais, considerando que a televisão ainda é massivamente influente. Entretanto reconheceu que nas Eleições de 2010 esse contraponto foi eficaz, lembrando que uma ex-aluna colocou na Internet que Monica Serra fez um aborto, logo após a mulher do candidato à Presidência José Serra ter declarado que a adversária, Dilma Rousseff, era “assassina de criancinhas”. A informação acabou saindo na imprensa escrita, ajudando a desmoralizar esse discurso. Assim, concordou o jornalista: “As redes se entrecruzam e repercutem em grande velocidade”.
Para Laura Capriglione, as Eleições de 2010 ficarão na história do Brasil como as primeiras verdadeiramente influenciadas pela Internet, quando a partir de uma lan house se pode fazer uma grande denúncia. Concordando que há um desafio entre a velha e nova mídia, anunciou que haverá atrito: “A velha mídia será confrontada como nunca foi”.
Estruturas de poder versus avanços
“Quando falamos de desigualdades é importante pensar que as mulheres não são uma categoria biológica. O que estrutura e constrói essa categoria é uma experiência histórica e social. Estamos submetidas a uma relação de dominação e exploração comum, e construímos um movimento específico de mulheres para lutar contra essa dominação e exploração”. Dito isto, e para situar as desigualdades entre as mulheres, a socióloga Maria Betânia Ávila, coordenadora geral do SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia, ponderou que a contradição, o conflito e as relações de poder são intrínsecas às relações sociais, nas quais estão imbricadas relações de classe, raça, sexo, gênero e de poder.
“Organizamo-nos por meio de nossas identidades e estamos referenciadas a várias estruturas que imbricam essas relações sociais. Os avanços foram grandes e constroem patamares de avanço de nossas lutas, mas as estruturas permanecem”. Na eleição de Dilma Rousseff presenciamos a força dessas estruturas, revelada na mídia brasileira, e percebemos como elas são profundas, concluiu a socióloga.
“Vamos ter um real Estado laico com Dilma?”
A jornalista Ana Veloso lembrou que a eleição de Dilma Rousseff representa uma conquista estrondosa, mas que os fundamentalismos religiosos ainda estão muito fortes, e sua aliança com o patriarcado representa uma ameaça perversa contra as mulheres. Citou o fato de que o Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), do qual faz parte, trabalha sobre uma proposta de resolução para que a EBC esteja apta a retirar do ar os programas evangélicos e os cultos religiosos, cuja exibição seria inconstitucional, com base no princípio do Estado laico. Houve uma consulta pública, e várias religiões de matriz africana se pronunciaram a favor, mas bispos e pastores evangélicos foram contra. “Não podemos ter uma rede pública de concessão com religiões tendo esse privilégio”, concluiu a jornalista e ativista.
Luiza Bairros lembrou que os governos são de coalizão. Nas últimas eleições, os partidos mais à direita ganharam um peso relativo maior do que o que tiveram em eleições anteriores, o que “nos coloca numa corda mais bamba ao trabalhar essas questões”. Ampliou-se a classe média brasileira, uma classe média conservadora, fruto das contradições do próprio processo histórico que levou a sua constituição: “Uma classe social em que quanto mais no lugar de sempre estiverem as coisas, melhor. É por aí que se explica a negociação com as religiões, a necessidade (do governo) de dar resposta ao Vaticano, e dar satisfação a um setor que tem importância eleitoral e que não reza na nossa cartilha. Precisamos ter consciência dessa presença da classe média e o que ela representa na nossa ação política e institucional”.
Para Rodrigo Vianna foi preocupante o que aconteceu na campanha de 2010, em termos de discurso antinordestino e contra as mulheres. Ressaltou que foram bem sucedidos os setores que queriam obter dividendos eleitorais com questões como fundamentalismo e xenofobia, mas lembrou também que esse discurso foi derrotado: “Sentiram que havia terreno para ser semeado e semearam, semearam, semearam… e nos próximos anos vamos, infelizmente, ver brotar os frutos dessa semeadura. Vimos na campanha que há uma grande massa de pessoas em que o discurso ecoa. Esse discurso perdeu as eleições, mas temos que estar atentos, pois isso vai voltar nas próximas campanhas eleitorais, e no debate”.
Desafios
A primeira mesa do Seminário A Mulher e a Mídia 7 apontou alguns desafios para os movimentos de mulheres que merecem destaque:
- Superar as debilidades em produzir fatos políticos merecedores de veiculação nos meios, diante da ausência, ou da presença distorcida do tema mulheres e poder nos meios de comunicação. Como afirmou Luiza Bairros, “nossos combates são antissistêmicos, e dessa condição não podemos esperar uma ocupação de espaço nos meios em igualdade de condições com o restante, pois há uma desqualificação permanente das mulheres, das mulheres negras e do que queremos combater”.
- Reagir indignadamente! Se hoje, antes de espancar um homossexual na avenida Paulista, o agressor vai pensar um milhão de vezes, assim deve ser para todos os casos. As redes de mulheres precisam ficar atentas e problematizar cada uma das questões que surgem.
- A jornalista da Folha de S.Paulo, Laura Capriglione, citou o exemplo da campanha presidencial de 2010, em que o aborto emergiu como questão de maneira louca e descontrolada. “Eles sabiam que seria importante colar Dilma a um perfil de abortista. Tinha a história da Jandira Feghali, no Rio de Janeiro, como exemplo. Tinha a memória do vergonhoso caso de Campo Grande (Mato Grosso do Sul), onde um escândalo jurídico aconteceu com a abertura das fichas médicas de uma clínica clandestina para quem quisesse devassar. Isso teria merecido do movimento e da imprensa uma reação mil vezes mais indignada do que conseguimos produzir. O que fizemos foi pouco. Ao nos calar abrimos porteira gigantesca para os caras acharem que podiam tudo”.
- Explorar as contradições dos grandes meios. Tomar atitudes concretas, que obriguem a televisão a tirar do ar ou rever suas abordagens. Para Rodrigo Vianna, “isso é perigoso por causa da pecha de ser chato, de praticar censura. Mas há que constranger para que não se faça mais (o pai do rapaz que agrediu na av. Paulista veio falar constrangido na televisão). A imagem da mulher é explorada e não há neutralidade. Isso está muito exposto – na velha e grande mídia. Há que explorar as possibilidades que Internet, TVs e rádios comunitárias oferecem. Às vezes escrevemos e não se publica, e por isso se está criando uma outra mídia, devagar, com limitações. Há que explorar a mídia tradicional e fazer a crítica veemente, quando for o caso”.
- Aproximar-se das iniciativas acadêmicas, para resgatar o papel das universidades na discussão sobre o direito humano à comunicação. Há hoje observatórios de mídia nas universidades, há o Observatório de Direitos Humanos do Intervozes, cujo trabalho tem uma perspectiva não apenas técnica, mas econômica e política, olhando a comunicação como estruturante na sociedade. Essas foram colocações da jornalista Ana Veloso, que lembrou ainda: “Na 1ª Confecom tínhamos vários movimentos sociais, inclusive de mulheres e feminista. Fomos poucas, mas aguerridas, barulhentas e propositivas. A partir de nós várias questões foram discutidas nas plenárias. Mas precisamos ser mais! Jornalistas, radialistas comunitárias, blogueiras, convoco quem está aqui para que, na próxima Confecom, tenhamos muito mais mulheres empoderadas para fazer a discussão política e técnica sobre essa questão. Se quisermos discutir democracia temos que discutir Comunicação”.
- Diante da enorme tarefa de mudar as estruturas de poder, a mídia (as velhas, as novas, as alternativas) é fundamental na construção do movimento transformador. A socióloga Maria Betânia Ávila relembrou que por detrás das identidades estão as estruturas, e quem domina e explora trabalha, como movimento, para a ordem estabelecida permanecer. É contra esse fluxo que navegam os sujeitos explorados, que lutam para visibilizar o racismo, a dominação de gênero e de classe.
Seminário A Mulher e a Mídia 7
Mesa 1: A Mídia e as Mulheres no Poder: As diferenças como desigualdades?
Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 2010
Exposições:
Luiza Bairros, socióloga, secretária de Promoção da Igualdade (Sepromi) do Governo da Bahia
Rodrigo Vianna, jornalista da TV Record
Laura Capriglione, repórter especial da Folha de S.Paulo
Debatedora: Ana Veloso, jornalista, professora da Universidade Católica de Pernambuco
Coordenadora: Maria Betânia Ávila, socióloga, coordenadora geral do SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia
* Angela Freitas é socióloga.