Data marca o Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher
A data de 25 de Novembro é conhecida por ser o “Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher”. Para lembrá-la, a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) lança ao longo desta semana uma série de cards e uma carta de posicionamento em suas
redes sociais para chamar a atenção da sociedade sobre a permanência dos casos de violência contra as mulheres no Brasil em diversos formatos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o Brasil é o quinto país com maior número em feminicídios e que, a cada sete horas, uma mulher é morta, como aponta o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Com quatro eixos temáticos: 1) Violência contra as mulheres negras; 2) Violência contra a mulher e as lideranças religiosas; 3) Violência contra as mulheres lésbicas; 3) O Judiciário e o patriarcado, a AMB quer provocar no debate público a necessidade de se discutir como a cultura patriarcal, de poder dos homens sobre as mulheres, faz que elas sofram violências em diferentes espaços e não apenas no ambiente doméstico. O caso recente da violência institucional sofrida por Mariana Ferrer no julgamento do homem que a estuprou, André Aranha, e que foi absolvido diante de uma justificativa que ele não teve a intenção de cometer o ato, é um exemplo disso.
São apresentados dados alarmantes: em 2019, 66,6% das vítimas de violência doméstica e sexual são mulheres negras (Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 2020); mais da metade das mortes maternas, 54,1%, atingem negras, que têm entre 15 e 29 anos, segundo informações da Agência Brasil; 40% das mulheres vítimas de agressões físicas e verbais em casamentos são evangélicas, de acordo com pesquisa realizada pela teóloga Valéria Vilhena. No Amazonas, em 2019, uma adolescente de 15 anos sofreu um estupro coletivo e os criminosos confessaram o ato, mas foram absorvidos porque o juiz alegou que ela foi responsável por planejar o encontro com eles. “Culpabilizar as mulheres é uma forma de nos silenciar para perpetuar o sistema patriarcal”, denuncia a AMB.
Segundo Adriana Mota, que integra a AMB no Rio de Janeiro, a ideia do movimento é provocar a sociedade civil a se manifestar diante dos casos de violência e do desmonte dos serviços, como Casa da Mulher Brasileira, casas-abrigo, delegacias, dentre outros, de cortes no orçamento das políticas de combate à violência contra a mulher e buscar meios para pressionar o poder público. “É uma responsabilidade dos governos enfrentar a violência contra as mulheres. Nós vamos fazer a nossa parte, vamos apoiar, vamos mobilizar a sociedade, mas os governos precisam dar as condições para que as mulheres sejam atendidas”, ressalta.
Articulação de Mulheres Brasileiras
O movimento, que atua desde 1995, reúne coletivos e feministas em todas as regiões do país e têm uma história de enfrentamento à violência contra a mulher e de reivindicação por políticas públicas, tendo participado, inclusive, da construção da Lei Maria da Penha. É uma articulação antissistêmica (antirracista, antipatriarcal e anticapitalista) e que, internacionalmente, integra a Articulacion Feminista Marcosur.
Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher
A data foi instituída no Primeiro Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe, na Colômbia, em 1981, e é uma homenagem às irmãs Minerva, Patria e María Teresa Mirabal, que viviam na República Dominicana e foram assassinadas pelo ditador Leônidas Trujilló no dia 25 de Novembro de 1960. “Las Mariposas”, em português, “as borboletas”, como eram conhecidas, tinham uma história de luta política e o assassinato delas foi um fator relevante para a queda do ditador.