As demandas das mulheres não estão sendo debatidas, mas elas podem definir as eleições de 2018, por Jacira Melo

04 de outubro, 2018

Quais são as principais preocupações das 77 milhões de mulheres brasileiras, que representam 52,5% dos votos nestas eleições? A pesquisa Ibope/ONU Mulheres realizada em agosto revela que as brasileiras priorizam mudanças sociais e investimentos em serviços públicos.

(Agência Patrícia Galvão, 04/10/2018)

Em suas respostas, as mulheres destacam que consideram como de extrema importância uma série de medidas que o governo federal deve implementar nas seguintes áreas: saúde (por exemplo, criar medidas para ajudar os municípios a diminuir o tempo entre a marcação e realização de consultas e exames); segurança (ex.: ampliar a rede de atendimento a mulheres vítimas de violência); educação (ex.: municípios devem receber ajuda para ampliar vagas em creches); trabalho (ex.: promover políticas que incentivem que homens e mulheres tenham os mesmos salários e oportunidades).

Esses dados apontam que as mulheres, além de salientar a urgência de melhorias nas áreas de saúde, segurança e educação, também enfatizam a necessidade de mais investimentos públicos e mudanças de políticas para o enfrentamento das desigualdades sociais. Contudo, todas essas preocupações destacadas pelas mulheres como prioridades para o próximo governo têm sido pouco debatidas pelos candidatos e candidatas à presidência.

Mulheres com menor renda e escolaridade podem garantir um segundo turno

Em relação à intenção de voto das eleitoras, segundo a pesquisa Ibope divulgada em 3/10, as mulheres que declaram voto em Bolsonaro têm um perfil semelhante ao dos eleitores homens do candidato do PSL: renda mais alta, maior escolaridade e concentração nas regiões Sudeste e Sul.

Tudo indica que um provável segundo turno nesta eleição presidencial será garantido pelas mulheres de menor renda, menor escolaridade e que vivem nas regiões mais carentes do país. Ao mesmo tempo, as pesquisas revelam que as mulheres tendem a ser mais exigentes com relação às propostas que têm a ver com a vida real cotidiana, especialmente por serem as principais usuárias dos serviços públicos. No segundo turno, as mulheres precisam estar no centro dos debates e das propostas sobre políticas e mudanças sociais para o país.

Jacira Melo é diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão.

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