Inaugurado nesta segunda, gabinete de transição de Bolsonaro tem apenas homens

05 de novembro, 2018

Primeira lista de 27 auxiliares do comitê de transição foi publicada no Diário Oficial da União

(O Globo, 05/11/2018 – acesse no site de origem)

Divulgada nesta segunda-feira pelo Palácio do Planalto, a primeira lista de assessores do gabinete de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro tem 27 nomes e nenhuma mulher. Publicada no Diário Oficial da União nesta segunda-feira, pela Casa Civil, a relação de assessores foi entregue na semana passada ao governo do presidente Michel Temer pelo ministro extraordinário, Onyx Lorenzoni. O presidente eleito pode nomear até 50 representantes para a equipe de transição.

Além de Lorenzoni, coordenador da transição e indicado como ministro da Casa Civil, que já havia sido nomeado, foram oficializados para o processo alguns cotados para ministérios no governo Bolsonaro, entre os quais Paulo Guedes, indicado ministro da Economia; Augusto Heleno, que deve ser ministro da Defesa; Marcos Pontes, apontado como ministro de Ciência e Tecnologia. Estão também na lista Gustavo Bebianno, ex-presidente do PSL, e os irmãos Arthur e Abraham Weintraub, que devem compor a equipe econômica de Paulo Guedes.

O ministro extraordinário anunciou que os trabalhos da equipe de Bolsonaro começaram com a formação de grupos temáticos em dez áreas. Em rápido pronunciamento à imprensa, Onyx listou os grupos formados e destacou que novos grupos devem ser criados no decorrer do trabalho. Agricultura, Meio Ambiente e Produção Sustentável ficaram como um tema único nessa divisão inicial. Na semana passada, Bolsonaro sinalizou que pode desistir de fundir as pastas da Agricultura e Meio Ambiente, como tinha anunciado anteriormente.

— Temos os indicados pelo grupo de transição e outros entrarão como cedência, disponibilização ou colaboradores voluntárias. Foi a forma que achamos para dar consistência e amplitude aos trabalhos — afirmou Onyx.

A lista de assessores do gabinete de Bolsonaro, nomeados nesta segunda, ainda tem Marcos Aurélio Carvalho; Paulo Roberto; Luciano Irineu de Castro Filho; Paulo Antônio Spencer Uebel; Eduardo Chaves Vieira; Roberto Castello Branco; Luiz Tadeu Vilela Blumm; Carlos Von Doellinger; Bruno Eustáquio Ferreira Castro de Carvalho; Sérgio Augusto de Queiroz; Antônio Flavio Testa; Waldemar Gonçalves Ortunho Junior; Jonathas Assunção Salvador Nery de Castro; Ismael Nobre e Carlos Alexandre Jorge da Costa. Também foram designados para a equipe, mas sem direito a remuneração, Alexandre Xavier Ywata de Carvalho; Pablo Antônio Fernando Tatim dos Santos; Waldery Rodrigues Junior; Adolfo Sachsida, e Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque.

A ausência de mulheres na equipe de transição do presidente eleito causou preocupação entre parlamentares da bancada feminina no Congresso. Elas dizem que o futuro governo reproduz a desvalorização da mulher pela sociedade em espaços de poder.

— Por mais que o entorno dele faça publicidade e tente desconstruir a imagem dele de quase 30 anos de política, a prática não permite isso. O exemplo é esse, com a equipe de transição. Ele não tem proximidade com mulheres fortes e representativas — diz a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB).

Para ela, o grupo político de Bolsonaro ainda vê a mulher como submissa ao homem.

— Isso nos preocupa também não apenas na questão de gênero. A manifestação de intolerância dele atinge todos os segmentos mais vulneráveis, índios, negros, e já imaginamos o espaço que terão no governo dele — afirma a senadora.

A presidente do PSDB Mulher, deputada Yeda Crusius (PSDB), diz que a equipe de transição reproduz o “pequeno número de mulheres em postos de comandos”.

— Mas espero que seja um governo inteligente, que sabe que mulher traz equilíbrio para qualquer foro de discussão, ainda mais o político — diz Crusius.

A deputada Laura Carneiro (DEM) diz que “espera que (a falta de mulheres na equipe de transição) não seja um indicativo (do espaço da mulher no governo”.

— Tenho certeza que a mulher terá espaço no governo — diz.

Leticia Fernandes e Karla Gamba

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