A ocorrência de sífilis durante a gestação tem seguido uma tendência de crescimento ao longo dos anos, segundo dados do Ministério da Saúde. Entre 2016 e 2021, a taxa de detecção dobrou, passando de 13,4 para 27,1 casos a cada mil crianças nascidas vivas, alcançando 74.095 casos registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) em 2021. Segundo pesquisa publicada no The Lancet Regional Health -Americas, esses números não dão conta do real cenário epidemiológico da doença no país. Estima-se que, no período de 2007 a 2018, houve uma taxa de subnotificação de aproximadamente 13% dos casos de Sífilis Gestacional (SG) considerando os dados para as microrregiões do Brasil, o que corresponde a 45.196 casos.
Segundo a pesquisa, os níveis de subnotificação evidenciam as disparidades regionais na qualidade dos serviços de assistência e da própria vigilância da sífilis gestacional. Os índices de subnotificação foram superiores nas regiões Nordeste e Norte, chegando a mais de 30% em Roraima, estado com maior taxa de subnotificação.
Todos os estados da região Sul e alguns estados do Sudeste e do Centro-Oeste, por outro lado, apresentaram índices de notificação superiores a 90%, chegando a 96,41% de cobertura dos casos em São Paulo, estado com menor índice de subnotificação (3,59%). “Esses padrões regionais sugerem que a qualidade da notificação pode estar relacionada a fatores socioeconômicos e de acesso aos serviços de saúde”, afirmam os pesquisadores.