Abaixo-assinado com assinaturas de juristas e acadêmicos do Brasil e do mundo pede que Lula indique a gaúcha Soraia Mendes –mulher negra, criada em favela e filha de uma empregada doméstica– à próxima vaga do Supremo. Mendes é professora e autora de livros de teoria feminista no Direito Criminal
Dias após Cristiano Zanin ser confirmado como ministro de um Supremo Tribunal Federal (STF) totalmente branco e de maioria masculina, um grupo formado por acadêmicos e membros da sociedade civil ligados à Justiça lançou um abaixo-assinado pedindo a indicação de Soraia Mendes para a próxima vaga na corte, que deve ser aberta em setembro, com a aposentadoria da atual presidente, Rosa Weber.
Mendes, de 49 anos, é advogada, tem mestrado, doutorado e pós-doutorado por universidades federais e vinte anos de docência, além de mais de uma dezena de livros publicados, a maioria na área de Direito Criminal e Gênero, que já foram citados no Supremo e na Corte Interamericana de Direitos Humanos. E também é uma mulher negra, criada na vila Sepé Tiaraju, uma favela em Viamão, na Grande Porto Alegre, e filha de uma empregada doméstica e de um operário sindicalista.
Essa não é a primeira vez que o nome de Soraia Mendes é ventilado para o STF. Isso aconteceu em 2021, quando aceitou ter seu nome indicado como “anticandidata” em uma campanha de resistência democrática à indicação de André Mendonça pelo então presidente Jair Bolsonaro, e mais recentemente, às vésperas da indicação oficial de Zanin pelo presidente Lula, que ignorou totalmente os apelos da sociedade civil, de parlamentares, de alguns ministros e até de seu vice, Geraldo Alckmin, pela nomeação de uma mulher negra, a primeira em 132 anos de Supremo Tribunal Federal.