Como O Globo cobriu o tema do aborto nas eleições

28 de outubro, 2010

(O Globo – 5ª feira, 28/10/2010)
Papa Bento XVI pede a bispos brasileiros que orientem os católicos na política (O Globo – 28/10/2010) – “A três dias do segundo turno das eleições presidenciais, o Papa Bento XVI pediu a bispos brasileiros para orientarem politicamente os fiéis durante reunião nesta quinta-feira no Vaticano. O papa, que não se referiu diretamente ao pleito deste domingo. (…) ‘Em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar livremente o próprio voto para a promoção do bem comum’ – disse o papa em seu discurso a bispos do Nordeste.”

(O Globo – 2ª feira, 25/10/2010)
Em busca de um direito justo, por Glaucia Dunley (O Globo – 25/10/2010) – “O debate público trazido pela mídia em torno dos candidatos está tentando acorrentá-los com os grilhões maniqueístas e excludentes da apropriação moral, religiosa ou tecnocrata em termos de saúde”, critica a psicanalista.

(O Globo – 5ª feira, 21/10/2010)
Questão do aborto, por Ancelmo Gois (O Globo – 21/10/2010) – “Um manifesto que condena a forma como os candidatos trataram a questão do aborto no 2º turno e pede para o tema ser discutido no futuro governo corre a internet para ser entregue a Dilma ou Serra depois da eleição. É assinado por intelectuais, ONGs e gentre de universidades brasileiras, da América Latina e até da Europa, dos EUA e do Canadá. Já tem 5.500 assinaturas.” Para assinar, clique em https://spreadsheets.google.com/viewform?formkey=dFBZTWZmeUlQTUhvaUZJeVM3bzROdHc6MQ

(O Globo – 3ª feira, 19/10/2010)
Bispos recomendam voto em quem defenda a vida (O Globo – 19/10/2010) – “A Regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que engloba o Estado do Rio, divulgou ontem um nota em que recomenda o voto num candidato que defenda o ‘valor da vida e que seja comprometido com a família em sua ‘constituição natural’. (…)”. A nota ratifica a posição de que a Igreja Católica não tem partido e nem candidatos, “mas que os bispos têm o direito e o dever de orientar seus diocesanos sobre assuntos que se referem à fé e à moral cristã.”
A falta de agenda política das candidaturas e o aborto, por Marcelo Simas (O Globo – 19/10/2010) – “Não é verdade que não haja propostas nestas eleições. O problema é que elas são as mesmas. O governo propõe continuar com a fórmula estabilidade/reparação e a oposição propõe a mesma coisa. Para que, então, arriscar votar na oposição? Neste cenário de propostas semelhantes, o eleitor volta-se para seus valores. É assim que nossa eleição está sendo decidida por questões como aborto, união civil homossexual, religião etc.”, escreve o cientista político.

(O Globo – sábado, 16/10/2010)
Dilma diz que manterá legislação atual sobre aborto e religião (O Globo – 16/10/2010)
“Eu acho que (o documento) vai reverter todo o voto daqueles que deixaram de votar na candidata por conta de boatos religiosos”, afirmou o senador. “A carta não podia ter sido melhor, vai ter uma repercussão imensa”, declarou o senador reeleito Marcelo Crivella (PRB-RJ), evangélico da Igreja Universal do Reino de Deus. “Para ele, a carta será bem recebida pelo eleitorado, inclusive para recuperar votos perdidos entre religiosos, e não deve afastar setores feministas e de defesa de gays, lésbicas, bissexuais e transexuais.”

(O Globo – 6ª feira, 15/10/2010)
Religião e eleições, por Maria das Dores C. Machado (O Globo – 15/10/2010) – “As trajetórias políticas de José Serra e Dilma
Rousseff têm mais afinidades com a conquista histórica do Estado laico do que com a interferência das instituições religiosas na política institucional. Da mesma forma, os dois candidatos têm clareza dos custos de uma legislação restritiva no campo da interrupção da gravidez para a saúde pública e sobre quem recai o ônus da criminalização do aborto e, por isso mesmo, não podem abandonar o compromisso com as mulheres mais pobres de nossa sociedade, as mais prejudicadas com o uso eleitoreiro do tema do aborto”.

(O Globo – 5ª feira, 14/10/2010)
Munição anti-Dilma é do próprio lulismo, editorial (O Globo – 14/10/2010) – “O ponto nevrálgico dos ataques tem sido a lembrança de que a candidata já defendeu a legalização do aborto, tema que, infelizmente, tem servido para contaminar o debate político por crenças religiosas.”

(O Globo – 4ª feira, 13/10/2010)
Dilma escreverá manifesto se posicionando contra a descriminalização do aborto e o casamento homossexual (Globo.com – 13/10/210) – “Em reunião com lideranças religiosas nesta quarta-feira, ficou acertado que a candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) escreverá uma carta aberta em que se coloca contra pontos polêmicos para setores religiosos, como a descriminalização do aborto e o casamento homossexual. Em contrapartida, as lideranças, que incluem várias denominações evangélicas do país, redigirão outro documento em que declaram apoio à candidata. Parte deles também gravará depoimentos favoráveis a Dilma. Os dois documentos devem ficar prontos até sábado.”
Pacto sobre o aborto, por Zuenir Ventura (O Globo – 13/10/2010) – “Afinal, não foi para isso que se quis um segundo turno – não foi para discutir o aborto, ou melhor, para substituir a discussão por uma troca de acusações pautada pela hipocrisia. O tema é por demais importante para ser deturpado eleitoralmente. Trata-se de uma prática clandestina quem como mostrou O GLOBO domingo, leva à morte uma brasileira a cada dois dias. “LeMonde” inclui a questão entre nossos “arcaísmos e tabus”, lamentando: ” É uma pena que esse grave problema social, em vez de incentivar um verdadeiro debate, esteja sendo usado como máquina de guerra eleitoral.” Para impedir isso, Dilma e Serra poderiam firmar um compromisso ético, uma espécie de de pacto de não agressão.”

(O Globo – 3ª feira, 12/10/2010)
Temas errados, blog de Miriam Leitão (O Globo – 12/10/2010) – “Aborto é sério demais para leviandades. Quem tratou bem o tema do aborto foi O GLOBO no domingo: 200 mulheres mortas por ano, 183 mil curetagens no SUS. É hipocrisia não reconhecer que é uma questão de saúde pública e que é preciso ter políticas públicas para evitar o pior: reduzir os abortos e os riscos para a mulher. Tudo é trágico nesse assunto. O ideal é evitar a gravidez indesejada. Mas nada é simples. (…) As pessoas podem ser contra ou a favor, mas não se pode negar que a maneira arriscada de fazer aborto é o drama das mulheres pobres. Um ex-ministro da Saúde como José Serra não pode fechar os olhos: tem que ter uma solução e não uma visão moralista. Quando Dilma falou em ‘descriminalizar’ estava tendo a coragem de ser sincera. Depois passou a encobrir o que pensa. Cedeu a uma visão conservadora que impede que as autoridades de saúde do Brasil encontrem soluções que reduzam os casos e protejam a mulher.”

(O Globo – domingo, 10/10/2010)
Polêmica na campanha presidencial, aborto ilegal mata uma mulher a cada dois dias (O Globo – 10/10/2010) – “O debate não devia tratar de quem é contra e quem é a favor, mas de como é possível resolver um problema de saúde pública. Mulheres de todas as classes sociais, idades, escolaridades e religiões abortam. Muitas acabam no serviço público de saúde, onde são negligenciadas, julgadas e condenadas, o que contribui para que o número de mortes seja alto – diz Paula Viana, do grupo Curumim, que pesquisou a questão em cinco estados: Rio de Janeiro, Paraíba, Mato Grosso do Sul, Bahia e Pernambuco.”
Uma em cada cinco brasileiras de até 40 anos já fez aborto (O Globo – 10/10/2010) – “A PNA mostra que quem aborta são mulheres comuns. Não é a amante, a adolescente irresponsável; é a vizinha, a irmã, a amiga. Chegamos a esse número, mas sabemos que é um dado conservador, já que o aborto é crime e é um desafio chegar até a verdade – diz Debora Diniz, antropóloga e responsável pela pesquisa.”

(O Globo – sábado, 09/10/2010)
Dilma diz que limitar debate eleitoral à questão do aborto cria clima de divisão no país (Globo.com – 09/10/2010)
“Querer criar contradição religiosa onde não tem é criar um clima de divisão no país. Eu considero que é algo que não honra nossa democracia a tentativa de construir essa eleição em cima de divergências religiosas”, afirmou Dilma Rousseff.

(O Globo – 6ª feira, 08/10/2010)
Fundamentalismo nas eleições, editorial (O Globo – 08/10/2010) – “A conclusão de que um fator decisivo na migração de votos de Dilma Rousseff, de formação de esquerda, para Marina Silva, militante verde e evangélica, e que teria viabilizado o segundo turno, foi uma mobilização quase subterrânea de grupos religiosos antiaborto ameaça estreitar ainda mais o campo de enfrentamento de ideias e propostas entre os dois candidatos finalistas”, opina o jornal.
Dilma diz que é contra o aborto durante visita a Belo Horizonte (O Globo – 08/10/2010) – “Dilma disse que não há necessidade de se alterar o programa de governo do PT, que defende a liberalização do aborto. Ela observou que é candidata de uma coligação, e a liberalização do aborto jamais fez parte do programa da coligação. ‘Até seria estranho eu não ser contra o aborto nesse momento em que acaba de nascer meu neto – disse, frisando que “o aborto é uma violência’.”
A dívida com elas, por Luiz Garcia (O Globo – 08/10/2010) – “Porta-vozes do eleitorado feminino (que não existe como organização, mas sabe muito bem o que cobrar dos políticos de ambos os sexos — expressão ambígua, mas irresistível) reclamam que o debate sobre o aborto está ocupando indevidamente o lugar de outros temas de extrema importância para o eleitorado feminino. Por exemplo, a falta de creches para mães pobres ou a equiparação de salários para homens e mulheres com as mesmas cargas de trabalho. Ou seja: a atitude do Estado em relação ao aborto é tema de evidente importância. Mas não é o único exemplo da dívida histórica que ele tem em relação à nossa melhor metade.”

(O Globo – 5ª feira, 07/10/2010)
Aborto ofusca debate sobre mulheres (O Globo – 07/10/2010) – Questões como mercado de trabalho, equidade de salário entre homens e mulheres, formação profissional às mulheres e creches, que são fundamentais para o cotidiano das mulheres, principalmente as mais pobres, não têm sido objeto das preocupações e de propostas dos candidatos.
Serra diz que é contra o aborto, mas se confunde (O Globo – 07/10/2010) – “Em ato falho, o candidato a presidente do PSDB, José Serra, disse que é favor do aborto, para logo depois se corrigir, se posicionando contrariamente. ‘Eu nunca disse que sou contra o aborto, porque eu sou favor’, disse ele, para logo se corrigir: ‘Eu nunca disse que sou a favor do aborto, porque eu sou contra’.”
Arcebispo de São Paulo defende livre manifestação eleitoral de bispos e critica polarização de debate em torno do aborto (O Globo – 07/10/2010) – “O cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, defendeu nesta quinta-feira a livre manifestação de padres e até bispos, como dom Luiz Gonzaga Bergonzini, de Guarulhos, que, nas últimas semanas, têm pregado o voto contra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, alegando que ela é a favor do aborto.”
Agora, programa do PT será contra aborto (O Globo – 07/10/2010) – “Campanha de Dilma volta atrás e não vai mais esperar fim do segundo turno para divulgar seu plano de governo. (…) Uma peça com os planos da coligação deverá ser divulgada nos próximos dias. A ideia foi retomada para deixar claro, entre outras coisas, que a candidata petista, se vitoriosa, não defenderá a legalização do aborto ou outras questões polêmicas para a Igreja, como o casamento gay.”
Estudos indicam tendência liberalizante do aborto no mundo (Globo.com – 07/07/2010) – “Estudos recentes publicados pelas Nações Unidas e pelo Instituto Guttmacher, especializado em saúde reprodutiva, mostram que a maioria dos países que introduziram mudanças nas suas legislações sobre aborto desde 1996 adotaram regras mais permissivas sobre sua prática.”

 

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