DF registra mais de 8 mil casos de infecção transmitida pelo Aedes aegypti

24 de março, 2016

(Correio Braziliense, 24/03/2016) O mais recente balanço mostra mais 32 pessoas – sendo nove grávidas – com zika vírus. Outras 30 contraíram chicungunha.

As manchas vermelhas se alastraram pelos braços da professora Josiane Nunes. Há 10 dias, a mulher de 40 anos começou a sentir os sintomas clássicos de dengue: febre e dores nas articulações e nos olhos. Assim como ela, 99 pessoas têm tido o mesmo diagnóstico, diariamente, na capital. Até terça-feira, o Distrito Federal registrou 8.058 doentes pela infecção transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, somente este ano.

Ontem, assim como Josiane, centenas de moradores esperavam por atendimento no hospital de campanha montado em São Sebastião apenas para atender gente com sintomas da dengue e das outras doenças provocadas pelo mesmo mosquito. A Secretaria de Saúde admite que 2016 será o ano com mais casos da doença na história do DF — o que tem consumido cada vez mais dinheiro dos cofres públicos.

Os alunos de Josiane já não encontram a professora há seis dias. A coceira é o que mais incomoda a moradora do Setor São Gabriel, em São Sebastião, distante 21km da área central do Plano Piloto. “A pele do meu braço está irritada, tamanha é a fricção que tenho feito. Em alguns pontos, já se abriram feridas”, detalhou a mulher, no hospital de campanha. Essa é a primeira vez que ela contrai a doença. “Tive o diagnóstico clínico e, agora, estou esperando o resultado da sorologia para ter a confirmação laboratorial”, contou.

Preço alto

Os custos com os cuidados com quem contrai o vírus são altos para os cofres públicos: R$ 630 para cada paciente, segundo estudo publicado na revista de medicina PLOS Neglected Tropical Diseases, dedicada exclusivamente a doenças tropicais. Pesquisadores acompanharam mais de 2 mil pacientes, até que eles estivessem totalmente recuperados da infecção em todas as unidades da Federação. O Executivo local teria gastado mais de R$ 5 milhões este ano para tratar dos doentes no DF, segundo cálculo feito pelo Correio, com base na estatística dos cientistas. O montante chegou a R$ 6,5 milhões em 2015.

A procura cada vez maior por tratamento tem pressionado a Secretaria de Saúde, que admite falhas. Ontem, por exemplo, faltaram kits para fazer os testes no hospital de campanha de São Sebastião. A situação se repetiu também em Brazlândia. A pasta garantiu a entrega de 700 kits hoje. Na próxima semana, o estoque de toda a rede ganhará o reforço de 5,8 mil kits. “Todos os pacientes estão sendo atendidos, independentemente da realização do teste rápido. Esse instrumento é apenas um complemento diagnóstico clínico, que é soberano”, ressaltou a secretaria, por meio de nota.

Grávidas

O cenário é ainda mais pessimista quando se avalia os números de zika vírus e chicungunha na capital. Segundo o Boletim Epidemiológico divulgado ontem, 32 pessoas — sendo nove grávidas — estão com zika. Outras 30 pessoas estão com chicungunha — alta de 15,3% em uma semana. “Temos uma epidemia tríplice das doenças transmitidas pelo Aedes. É evidente que a gente precisa ter algo muito bem organizado para dar assistência à população. No DF, isso é pior, porque nós fazemos a prestação de assistência à saúde do Entorno”, comentou o secretário de Saúde, Humberto Fonseca.

Otávio Augusto

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