(Agência Aids, 15/09/2014) Em 2011, algumas organizações internacionais de diversos países decidiram que o preservativo feminino deveria ter um dia seu e, assim, 16 de setembro foi escolhido Dia Mundial do Preservativo Feminino. “É uma data importante para reforçar o uso desse insumo como mais uma possibilidade de prevenir as DST/aids e a gravidez indesejada ”, diz Marta McBritton, fundadora e diretora da ONG Instituto Barong , que atua nas áreas de educação e prevenção.
Para celebrar a data, a equipe do Barong destinou a última sexta-feira (12) à distribuição gratuita de camisinhas femininas em sua ação mensal no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. “Distribuímos mais de mil unidades” , conta Marta.
Fora esse tipo de ação, a camisinha é distribuída nos serviços públicos de saúde desde 2000. Não tão em larga escala, como acontece com a masculina, porque ela ainda custa pelo menos três vezes mais. Além disso, há pouca informação sobre os preservativos femininos e esse é outro dificultador do acesso.
Em São Paulo, segundo Marta McBritton, a camisinha está em todos os postos de saúde. “Há outras capitais que a disponibilizam na maioria de seus serviços, ma isso depende muito do interesse do gestor local”, diz a diretora do Barong.
Coordenadora da área de Prevenção do Centro de Referência e Testagem (CRT) do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, Ivone de Paula diz que a demanda pelas camisinhas nos municípios vem aumentando. “É uma pena que ainda sejam caras e o governo não consiga abastecer todas as unidades de atendimento”, diz ela.
Ivone defende que é preciso investir mais em informações sobre a camisinha feminina para que as mulheres tenham consciência de seus benefícios. Marta concorda e diz que nem os ginecologistas se interessam em conhecer o insumo, conforme observou em suas andanças fazendo trabalho de prevenção pelo Brasil. “Raramente um mostra essa possibilidade para a mulher.”
O desconhecimento do próprio corpo, segundo Marta, é outro empecilho. “As mulheres ficam muito surpresas quando dizemos que elas precisam colocar o preservativo. Nós, do Barong, aproveitamos e mostramos a elas como são seus corpos. Ensinamos a se posicionarem na frente do espelho e colocarem o preservativo sozinhas, como um teste, independentemente de terem relação sexual com o parceiro. Vai pondo, tirando, para ver como é.”
A camisinha feminina pode ser colocada horas antes da relação sexual (clique aqui e saiba como) e muitas mulheres dizem que, ao contrário de incomodar, ela é uma fonte de prazer, pois tem um anel flexível que massageia levemente o clitoris.
Ivone diz observar que os homens também têm interesse e curiosidade nessa forma de prevenção. “Nas nossas ações, notamos que cada vez há eles estão interessados em levar para a mulher experimentar”, conta a coordenadora da Prevenção do CRT.
Além da prevenção de doenças e de gravidez, tanto Ivone quanto Marta listam outros bons motivos para a adesão ao insumo. O primeiro deles é a autonomia. “A camisinha feminina dá empoderamento à mulher”, diz Ivone. “Ela surgiu justamente para isso. Para trazer mais autonomia e poder de decisão à mulher”, completa Marta.
Veja, a seguir algumas dicas e boas razões preparadas por Marta e Ivone para a mulher usar a camisinha feminina:
1 – previne doenças e gravidez com segurança igual à masculina
2 — é feita de borracha nitrílica, que não provoca alergias e pode ser usada pelos alérgicos ao látex. Esse material também eliminou o incômodo barulhinho que as camisinhas da primeira geração faziam
3 – é mais eficiente para prevenir feridas como herpes, sífilis e verrugas como o HPV, que são transmitidas pelo contato de pele com pele, pois recobre a vulva (parte externa da vagina), diminuindo a área de contato direto entre os órgãos sexuais
4 – facilita a vida sexual de homens que perdem a ereção após colocar a camisinha masculina
5 – pode ser colocada até oito horas antes da relação sexual e não precisa ser retirada imediatamente após
Fátima Cardeal
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