O livro “50 Anos de Feminismo: Argentina, Brasil e Chile”, organizado pelas sociólogas Eva Alterman Blay e Lúcia Avelar, traz um olhar de longo prazo sobre os avanços econômicos, sociais e políticos ocorridos nas últimas décadas, os ganhos na equidade de gênero e os progressos (ainda que incompletos) obtidos no processo de empoderamento feminino na Argentina, Brasil e Chile.
(Eco Debate, 19/04/2017 – Acesse o site de origem)
O livro é fruto da pesquisa 50 Anos de Feminismo (1965-2015): Avanços e Desafios: Argentina, Brasil e Chile, realizada no Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Publicado pela Edusp, em 2017, o livro será lançado no dia 27 de abril, às 18h30, na Livraria Martins Fontes, em São Paulo.
No primeiro capítulo, os autores (Alves, Cavenaghi, Carvalho e Soares), traçam um panorama sociodemográfico das transformações que favoreceram os direitos de cidadania feminina na educação, saúde, mercado de trabalho, família, seguridade social, política entre outros temas. De modo geral, os dados revelam conquistas inegáveis das mulheres brasileiras desde o fim da Segunda Guerra e uma melhoria substancial das condições de vida em geral.
Mas, por outro lado, também mostra uma revolução incompleta, com manutenção da divisão sexual entre trabalho produtivo e reprodutivo, o que limita a autonomia e o empoderamento das mulheres. O texto traça um panorama muito positivo das conquistas feministas no período 1950-2010, mas alerta que a crise econômica de 2015 e 2016 ameaça interromper de maneira precoce o bônus demográfico: “pois a taxa de ocupação feminina vem caindo desde 2013 e o desemprego, inclusive entre as mulheres mais escolarizadas, aumentou muito nos últimos dois anos. A revolução feminina não está imune a retrocessos”.
Em síntese, o primeiro capítulo conclui: “No longo prazo, os ganhos foram inquestionáveis. As mulheres brasileiras venceram diversas batalhas, mas ainda falta conquistar o combate derradeiro pela equidade entre homens e mulheres. Uma sociedade sem desigualdades sociais de gênero é a meta final a ser atingida no século XXI”.
Abaixo seguem os dados da obra e o sumário com os dez capítulos do livro:
50 ANOS DE FEMINISMO: BRASIL, ARGENTINA E CHILE
Eva Alterman Blay e Lucia Mercês de Avelar (organizadoras)
EDUSP, 2017
ISBN 10: 85-314-1640-X
ISBN 13: 978-85-314-1640-8
Formato: 16 x 23 cm; Nº de Páginas: 352 pp.
Sumário
Apresentação
Parte 1: 50 anos de feminismo: uma trajetória histórica
Meio século de feminismo e o empoderamento das mulheres no contexto das transformações sociodemográficas no Brasil
José Eustáquio Diniz Alves, Suzana Marta Cavenaghi, Angelita Alves de Carvalho e Maira Covre Sussai Soares
Feminismos e direitos das mulheres na Argentina: História e situação atual
Dora Barrancos e Nélida Archenti
Como as mulheres se construíram como agentes políticas e democráticas: o caso brasileiro
Eva Alterman Blay
50 anos de feminismo no Chile: texto e contexto
Eliana Largo
Parte 2: Velhos e novos desafios dos feminismos
Relações sociais de gênero nas cooperativas de reciclagem
Paula Yone Stroh
Coalizões queer: aborto, feminismo e dissidências sexuais de 1990 a 2005 em Buenos Aires
Mabel Bellucci
Feminismo no Chile: traços de ontem e hoje
Sandra Palestro Contreras
A cidadania imaginada pelas mulheres afro-brasileiras: da ditadura militar à democracia
Flavia Rios
Como as mulheres se representam na política? Os casos da Argentina e do Brasil
Lucia Avelar e Patrícia Rangel
A questão do aborto e as eleições de 2010
Fátima Pacheco Jordão e Paula Cabrini
Parte 3: Breves cronologias dos movimentos feministas
Breve cronologia do movimento feminista na Argentina
Breve cronologia do movimento feminista no Brasil
Breve cronologia do movimento feminista no Chile
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: [email protected]