8 em cada 10 mulheres querem municípios mais igualitários, aponta pesquisa Ibope/ONU Mulheres que traz um inédito indicador de demanda por equidade de gênero nas cidades. Condições de trabalho e salários, educação, participação política e espaços em esferas de governo são bases para indicador desenvolvido no estudo
(ONU Mulheres, 14/03/2017 – acesse no site de origem)
Realizada no contexto da Agenda Cidades 50-50: Todas e todos pela igualdade, a pesquisa apresenta informações estratégicas sobre a importância das políticas públicas municipais para a promoção da igualdade de gênero. Os resultados indicam o nível de prioridade que os atuais prefeitos e prefeitas, vereadores e vereadoras devem conferir a diversas áreas avaliadas em nível macro e a partir de questões específicas.
Leia mais:
Pesquisa mostra preocupação de brasileiros com política de igualdade
O estudo mostra que 75% dos brasileiros e brasileiras consideram de grande ou extrema importância que gestores, gestoras, legisladores e legisladoras desenvolvam políticas de promoção da igualdade entre mulheres e homens. Considerando-se apenas as mulheres, esse número cresce para 78%, enquanto que entre os homens é de 71%.
Para chegar ao inédito indicador de demanda por equidade de gênero nas cidades, as pessoas entrevistadas responderam sobre que grau de importância vereadoras, vereadores, prefeitas e prefeitos devem dar a três dimensões: mesma oportunidades de acesso e desenvolvimento na educação e na cultura; no mercado de trabalho e mesmos salários; e de atuação nos partidos políticos e nos governos
Para 77% são muito/extremamente importantes políticas públicas que incentivem as mesmas oportunidades de acesso e desenvolvimento na educação e na cultura. 78% consideram muito ou extremamente importante que as prefeituras e câmaras municipais promovam políticas que incentivem o acesso de mulheres e homens as mesmas oportunidades de trabalho e mesmos salários. E 69% consideram muito/extremamente importante que prefeitos/as, prefeitas, vereadoras e vereadores promovam políticas visando assegurar oportunidades iguais de atuação em partidos políticos e governos para mulheres e homens.
Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil, avalia que a pesquisa é um marco para a articulação entre gestão municipal e gênero, porque estabelece indicadores de demanda por igualdade entre mulheres e homens nas cidades. “Passamos a ter dados sobre as percepções de brasileiras e brasileiros sobre as suas condições de vida no contexto das relações de gênero, assim como a indicação sobre o que deve ser feito por prefeitas e prefeitos em áreas fundamentais da vida de uma cidade, tais como trabalho, salário, educação e participação política, agregando as dimensões de raça e etnia às questões de gênero. São informações preciosas e totalmente de acordo com os desafios assumidos pelo governo brasileiro no marco da Agenda de Desenvolvimento Sustentável, com vistas ao enfrentamento das desigualdades de gênero e à eliminação do racismo”, considera Gasman.
8 em cada 10 mulheres querem cidades mais igualitárias – Se 3 em cada 4 brasileiros e brasileiras consideram fundamental a construção de cidades mais igualitárias, a análise dos dados segmentados por sexo evidencia como as mulheres tenderão a cobrar mais reconhecimento e garantia de direitos às novas gestões das prefeituras e legislativos municipais. A pesquisa indica que prefeitas, prefeitos, vereadoras e vereadores devem olhar com muita atenção as demandas das mulheres, que têm estado à frente de manifestações de rua, ocupações de escolas e são mais de metade da força de trabalho no país. De acordo com o estudo, são 81% as mulheres que consideram muito ou extremamente importante a igualdade no mercado de trabalho, enquanto 73% dos homens têm a mesma opinião.
Os mesmos percentuais (81% das mulheres e 73% dos homens) avaliam que o “acesso e desenvolvimento na educação e na cultura” são muito/extremamente importantes na garantia de igualdade de gênero.
E 72% das mulheres e 65% dos homens percebem como muito/extremamente importante o desenvolvimento de políticas de incentivo à participação das mulheres em igualdade de condições e oportunidades nos partidos políticos e governos.
Ao aplicar-se um recorte por raça/cor, os números encontrados são semelhantes. Para 75% dos brancos e brancas, 74% dos negros e negras (pretos, pretas e pardos e pardas) e 78% das pessoas que se autodeclaram de outra raça/cor (amarelos, amarelas e indígenas, por exemplo) o desenvolvimento de políticas públicas de igualdade de gênero tem muita/extrema importância.
Para a socióloga e especialista em pesquisa de opinião Fátima Pacheco Jordão, “esse é um resultado da maior importância, que merece destaque, pois com todas as desigualdades historicamente consolidadas para pessoas com diferentes condições de raça e etnia no Brasil, a pesquisa demonstra que prevalece uma alta e homogênea demanda por igualdade de gênero. Em um país racista como o nosso, a desigualdade de gênero é uma preocupação importante para 3 em cada 4 brasileiros. Esse dado reforça a necessidade de debater e propor políticas para tornar as cidades mais igualitárias especialmente para as mulheres negras, que sofrem mais os efeitos das discriminações”.
Fátima Jordão, que é conselheira do Instituto Patrícia Galvão, explica que “quando não há diferenças entre os segmentos evidencia-se que o problema é de percepção generalizada. Logo essas questões ganham um peso político muito grande para prefeitos e vereadores se debruçarem”.
Indicador inédito – Além de conhecer o grau de importância e de urgência atribuído pela população a políticas públicas municipais que assegurem igualdade às mulheres e homens, pela primeira vez uma pesquisa de opinião apresenta um ‘indicador de demanda por igualdade de gênero’.
O indicador é dado por três dimensões de políticas públicas voltadas à promoção da igualdade de gênero: oportunidades e desenvolvimento na educação e na cultura; oportunidades de acesso ao mercado de trabalho e aos mesmos salários; e possibilidades de atuação em partidos políticos e nos governos.
Metodologia da pesquisa – 2.002 entrevistas com homens e mulheres de 16 anos ou mais em 143 municípios, com margem de erro de 2 pontos percentuais. Campo realizado entre 16 e 20 de fevereiro de 2017.
Cidades 50-50: Todas e todos pela igualdade é liderada pela ONU Mulheres e conta com a parceria do Tribunal Superior Eleitoral, do Instituto Patrícia Galvão – Mídia e Direitos e o Grupo de Pesquisa Demodê, da Universidade de Brasília.