(El País| 11/05/2021 | Por Joana Oliveira)
Desde março do ano passado, a rotina de Tatiana Dantas de Lima, de 34 anos, começa às sete da manhã e não tem hora para acabar. Mãe solo de Marina, de sete anos, ela se divide entre as aulas online que ministra como professora de Língua Portuguesa e Redação para adolescentes entre 11 e 17 anos e as aulas e tarefas escolares da própria filha. “Eu sento na frente do computador de manhã e só levanto à noite. Tem dias que estou dando aula em um cômodo e Marina está tendo aula no cômodo ao lado”, conta Tatiana por telefone desde Salvador, onde mora com a filha e a mãe. Ela é uma das milhares de mulheres que tiveram uma sobrecarga de trabalho —tanto o remunerado quanto o de cuidado— devido à pandemia de covid-19.
De acordo com uma pesquisa do Atlas Político encomendada pelo EL PAÍS, 74% das mães afirmam que o trabalho doméstico e com os filhos aumentou por conta da suspensão das aulas presenciais, contra 69% dos pais que têm essa mesma percepção. No levantamento, que ouviu 1.425 pessoas em todas as regiões do Brasil ―todos mães e pais com filhos até 12 anos de idade― a maioria absoluta das mães (80%) afirma que sente cansaço pela situação provocada pela crise sanitária, enquanto apenas 48% dos pais dizem o mesmo.
“Pode ser que haja algum efeito de gênero que faz com que os homens se mostrem mais valentões e não admitam tanto cansaço da mesma forma que as mulheres, mas o fato é que o fechamento das escolas e a suspensão de aulas presenciais aumentou o volume de trabalho doméstico para as mães”, comenta Andrei Roman, diretor do Atlas Político.