A diretora Helena Solberg, única cineasta mulher a participar do Cinema Novo, ganha de 7 a 19 de março uma mostra inédita no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo. A retrospectiva, nunca antes realizada no Brasil, irá exibir toda filmografia da diretora, que completará 80 anos em junho deste ano, além de debates e uma aula magna. A entrada é gratuita para todas as sessões.
Detentora de uma carreira singular que completa cinco décadas, a diretora viveu por 30 anos nos EUA, onde construiu uma trajetória sólida do cinema militante e feminista. Embora pouco exibidos e raramente debatidos em âmbito nacional, os filmes de Solberg tiveram reconhecimento fora do Brasil e foram premiados em importantes festivais internacionais como o Festival de Havana, Festival de Chicago, American Fim Festival, e o prêmio Emmy para “Das Cinzas – Nicarágua Hoje”, entre outros.
Com curadoria de Carla Italiano e Leonardo Amaral, a programação traz toda a obra de Helena Solberg, entre eles os curtas a “Entrevista” (1966), que entrevista moças de formação burguesa do Rio de Janeiro sobre casamento, sexo e política; o poético “Meio Dia” (1970), inspirado em “Zero de Conduta” (1933) do cineasta francês Jean Vigo; e a primeira realização de Solberg nos EUA “A Nova Mulher” (1974). Esta última, costurada coletivamente pelo grupo International Women's Film Project, oferece um panorama histórico da luta feminina por igualdade desde o século XIX.
Juntamente a “A nova mulher”, as duas produções seguintes da cineasta compõem o que a pesquisadora Mariana Tavares chamou de “Trilogia da Mulher”: “The Double Day” (1975) e “Simplesmente Jenny“ (1978). O primeiro examina as condições da mão de obra feminina na Argentina, Venezuela e Bolívia, enquanto o último se dedica à vivência de três jovens em um reformatório boliviano para adolescentes.
O olhar formal aguçado se alia a um sentido de urgência a fim de responder a sua época, culminando na segunda, e mais prolífica, frente de investigação de seu cinema: os documentários politicamente engajados, militantes, que transitam por países da América Latina. Dentre eles, destacamos: “Das Cinzas – Nicarágua Hoje” (1982), acerca do Movimento De Libertação Sandinista e sua luta contra o regime ditatorial de Somoza na Nicarágua; “Chile: pela razão ou pela força” (1983); e “Terra dos Bravos” (1986).
Não por acaso, o retorno da realizadora ao Brasil ocorreu por meio de uma das brasileiras de maior reconhecimento internacional, no filme “Carmem Miranda: Banana is My Business” (1994), finalizado no momento da chamada “retomada do cinema nacional”, nos anos 90.
A atual fase de sua carreira aponta para novos rumos: a adaptação ficcional de um diário toma forma em “Vida de Menina” (2004), marcando sua estreia na direção de uma ficção em longa-metragem, enquanto “Palavra (En)cantada” (2009) e “Alma da gente” (2013) estreitam as relações entre música popular e poesia brasileira. Por fim, realiza o longa-metragem “Meu corpo, minha vida” (2017), que trata de uma discussão seminal nos atuais contextos sociais e políticos brasileiros: o aborto.
A Retrospectiva é patrocinada pelo Banco do Brasil e organizada pela coletivo Filmes de Quintal.
Serviço
Retrospectiva Helena Solberg
Data: de 07 a 19 de março de 2018
Entrada Franca
Local: CCBB São Paulo
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro | São Paulo – SP
Capacidade Cinema: 70 lugares
Horários e classificação indicativa no site
Ingressos: serão distribuídos a partir de uma hora antes de cada sessão, na bilheteria
do local
Funcionamento da bilheteria: de quarta a segunda, das 9h às 21h.
Informações: (11)3113-3651 | (11) 3113-3652
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