(Agência Patrícia Galvão) Racismo e sexismo na mídia: uma questão ainda em pauta
Rio de Janeiro, 29 de novembro a 1º de dezembro de 2011
30 de novembro – NO SEGUNDO DIA DE DEBATES, A IMPRENSA EM FOCO
9h – Mesa 1: Há uma cultura de negação do racismo e do sexismo na imprensa?
Luiza Bairros (ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial)
Iriny Lopes (ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres)
Dennis de Oliveira (jornalista, professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo)
Debatedora: Liv Sovik (professora de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Coordenadora: Valdice Gomes (coordenadora geral da Conajira/Fenaj)
Reportagem de Neide Diniz
Fotos de Fabiana Karina
A coordenadora da mesa, a jornalista Valdice Gomes (Fenaj), antes de abrir para as considerações dos convidados, falou sobre o Curso de Formação para Jornalistas sobre Gênero e Raça/Etnia, fruto de um convênio assinado entre a Fenaj e a ONU Mulheres. Valdice conta que a iniciativa nasceu da criação das Cojiras (Comissões de Jornalistas para a Igualdade Racial), a partir da necessidade de interferir no modelo de comunicação que também exerce discriminações nas redações do Brasil. “O que aí está é um modelo perverso que tem contribuído para o racismo, o sexismo e o etnocentrismo em nosso país”, acredita Valdice, para quem o curso é uma ação, dentre as inúmeras, que podem mudar o olhar da comunicação. Acesse a versão em pdf do Guia para Jornalistas sobre Gênero, Raça e Etnia, elaborado por Angélica Basthi.
O professor Dennis de Oliveira, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, assinalou a invisibilidade da população negra na mídia a partir da manutenção do racismo como mecanismo estrutural da legitimação das desigualdades em relação aos afrodescendentes. “Os componentes socioeconômicos e ideológicos trilham um círculo vicioso construído historicamente, precisamos romper com estes entraves para avançar democraticamente”, considerou o professor.
Para a ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas da Promoção da Igualdade Racial, as mulheres negras são subjugadas e marginalizadas. “As mulheres negras além de serem as que mais sofrem na luta por direitos, são as que vivem perdendo seus filhos exterminados pela violência”.
A ministra Iriny Lopes, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, também pontuou com veemência como a imagem da mulher é retratada pela mídia e a necessidade de criação de marcos legais: “nós não estamos falando de censura, nem de controle, nós estamos falando de responsabilidades”, definiu a ministra Iriny. Para ela, uma mídia em sintonia com os interesses da população brasileira deve se preocupar com as inequidades sociais e raciais. “A promoção da igualdade de gênero não será possível sem uma profunda transformação de mentalidade, e a mídia (e a imprensa, em particular) tem um papel crucial nessa empreitada. A imprensa é um um ator chave para o aprofundamento da democracia e para a consolidação dos direitos das mulheres”, enfatizou a ministra Iriny Lopes.
Já a debatedora Liv Sovik, professora de Comunicação da UFRJ, comentou: “são sempre os mesmos aspectos, os crimes de paixão, a agressão à mulher, a marginalização das mulheres negras, elementos que apenas reforçam os estereótipos. Neste contexto, Liv Sovik cita as três táticas de Stuart Hall, no texto “Espetáculo do Outro”: a primeira etapa é exagerar na dose, em seguida, a contradição do estereótipo, e na etapa final sinalizou dizendo que é preciso ver além do estereótipo.
A 8ª edição do Seminário Nacional A Mulher e a Mídia é uma realização do Instituto Patrícia Galvão, das secretarias de Políticas para as Mulheres (SPM) e de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), da Fundação Ford e ONU Mulheres, e conta com o apoio do BNDES.
O Seminário tem transmissão ao vivo pelo site http://www.aplicanet.com.br/Eventos/evento.html. Também é possível participar pelo Facebook ou Twitter ou enviando sua pergunta para [email protected] .
Saiba mais sobre as apresentações e debates acessando os links para a cobertura das mesas
29/11 – Mesa de Abertura: Racismo e sexismo na mídia: uma questão ainda em pauta
30/11 – Mesa 1: Há uma cultura de negação do racismo e do sexismo na imprensa?
30/11 – Mesa 2: Regulação democrática, direito à igualdade e respeito à diversidade de gênero e raça
1º/12 – Mesa 3: Raça e gênero na publicidade: onde estão os limites éticos?
1º/12 – Mesa 4: Racismo: a imprensa nega, a TV prega?
Cento e quarenta participantes de 25 estados foram selecionadas, por critérios previamente definidos e amplamente divulgados, dentre as mais de quinhentas inscrições. São representantes dos movimentos de mulheres e de mulheres negras, e ainda jornalistas, gestoras de programas, pesquisadores, estudantes, dentre tantos outros representantes de instituições organizadas que foram ao Rio de Janeiro participar desse debate.
Realização: Instituto Patrícia Galvão – Mídia e Direitos, Secretaria de Políticas para as Mulheres, Secretaria de Promoção de Políticas da Igualdade Racial, Fundação Ford e ONU Mulheres
Apoio: BNDES
Mais informações: [email protected]. – (11) 2594.7399