25/01/2014 – Maior inserção e aceitação de personagens homossexuais na TV brasileira ainda não refletem representação ideal

25 de janeiro, 2014

(Correio Braziliense) Apesar da aceitação e da maior inserção de personagens homossexuais na tevê brasileira, ainda falta muito para a representação chegar a um nível ideal. “Bem ou mal, o Félix ainda é muito caricato. Acho que os papéis gays nas novelas e nos programas humorísticos não sofreram grandes transformações porque os autores pesam a mão na hora do roteiro”, analisa José Vuthiwschi, coordenador da Coordenação da Diversidade Sexual da Diretoria de Diversidade da Universidade de Brasília (UnB).

Para Vuthiwschi, os autores sempre exageram em uma característica, seja em humor ou no caráter. “A realidade é sempre pouco retratada. Estou para ver um personagem que fala do tema a fundo e com respeito”, pondera.

Vuthiwschi aponta que o maior problema está na questão de que os atores e as atrizes que interpretam não são homossexuais. “Um ator pode representar qualquer papel, mas por que a televisão não usa profissionais gays, lésbicas, transexuais? Não é só uma questão de melhorar a caracterização, seria um outro espelho para o público. Haveria o respeito profissional, uma valorização”, afirma Vuthiwschi.

Já Welton Trindade, da ONG Estruturação, defende a permanência do maior número de personagens na tevê, independentemente de quem esteja fazendo atuando. “Hoje temos homossexuais em Pé na cova (interpretados por Mart”nália e Luma Costa) e em A grande família (vivido por Fábio Porchat). Até a Record, uma emissora evangélica, tem personagens gays (em Pecado mortal). Não é uma discussão muito forte, mas está presente. Há homofobia, mas nunca  chega aos 100%, sem alcançar o 50% de aceitação”, comenta.

A polêmica do beijo

O primeiro beijo homossexual da televisão brasileira aconteceu em 2011 na trama Amor e revolução do SBT. A cena de carinho foi protagonizada pelas atrizes Giselle Tigre e Luciana Vendramini. Quatro anos depois, a Rede Globo chegou a gravar o beijo entre os personagens vividos por Bruno Gagliasso e Erom Cordeiro em América, mas a imagem nunca foi ao ar. No ano passado, o programa Amor e sexo, de Fernanda Lima, mostrou selinhos entre gays e, neste ano, o reality show Big brother Brasil exibiu o beijaço entre as participantes Clara e Vanessa.

Sempre que há papéis homossexuais nas tramas, a discussão volta a reacender. Há quem defenda e quem recrimine. A Rede Globo está próxima de exibir o primeiro beijo gay em suas tramas. A emissora teria dado carta branca ao autor Walcyr Carrasco para decidir se Félix e Niko vão ou não protagonizar a cena. “Uma coisa que é comum e corriqueira em filmes e na dramaturgia fora do país vira uma discussão pública no Brasil. Quando se levanta essa polêmica, já está instalado o preconceito das pessoas, da emissora e do autor”, opina José Vuthiwschi.

Acesse o PDF: “Maior inserção e aceitação de personagens homossexuais na TV brasileira ainda não refletem representação ideal” (Correio Braziliense – 25/01/2014)    

 

 

 

 

Nossas Pesquisas de Opinião

Nossas Pesquisas de opinião

Ver todas
Veja mais pesquisas