Dados da Direção-Geral de Saúde indicam que o número de abortos em 2016 foi de 15.959. A maioria das interrupções foram feitas a pedido da mulher, mas menos 3,8% do que no ano anterior. Portugal continua abaixo da média Europeia
(Expresso, 07/12/2017 – acesse no site de origem)
O número de interrupções da gravidez desce pelo quinto ano consecutivo. De acordo com dados da Direção-geral de Saúde, em 2016 foram feitas 15.959 interrupções da gravidez. A maioria, 15.416, foi feita a pedido da mulher, o que representa uma diminuição de 3,8% em relação ao ano anterior. Isto é, foram feitos, a pedido da mulher, menos 457 abortos do que em 2015.
Doenças ou malformação congénita do feto foram o segundo motivo para abortar, 442. O ano passado, 854 mulheres terminaram a gravidez para evitar perigo de morte ou grave e duradoura lesão para a sua saúde física ou psíquica, 10 por violação e 7 por ser o único meio de remover perigo de morte ou grave lesão para o corpo ou para a saúde física ou psiquíca da grávida. Em relação ao total dos abortos (15.959) verificou-se uma diminuição de 4,2% em relação a 2015.
Entre 2008 e 2015 registou-se uma diminuição de 14,3% no total de abortos e de 14,4% por opção da mulher. “O número de interrupções realizadas a nível nacional, quando analisado comparativamente a outros países europeus, tem-se situado sempre abaixo da média europeia”, diz o relatório.
Desde que a lei entrou em vigor, os dados das interrupções da gravidez são registados pelos hospitais e centros de saúde e, posteriormente, analisados pela DGS. “Antes da despenalização o número calculado de abortos realizados na população portuguesa era de 20.000. Ao longo dos anos este número nunca foi ultrapassado. Desde 2011 tem-se registado uma diminuição de interrupções da gravidez em números absolutos, assim como, no número de interrupções por 1000 nados vivos. Usando este indicador para comparação Internacional é possível dizer que o número interrupções da gravidez por 1000 nados vivos em Portugal tem estado sempre abaixo da média Europeia.”
A contracepção pós interrupção continua também a aumentar. Em 2016, cerca de 94,5% das mulheres que realizaram um aborto por opção escolheram depois um método de contraceptivo.
Apesar de ser transversal na sociedade, as mulheres que mais abortaram têm idades entre os 20/24 anos (23,5%), não coabitavam com os parceiros (52,90%) e são trabalhadoras não qualificadas. Esta categoria “apresenta 21,3%% do total dos registos”, pela primeira vez, ultrapassou a categoria desempregada (18,6%).
Carolina Reis