“É a hora de acabar com a grande mentira que diz que abortos tornam as mulheres depressivas”
(Marie Claire, 16/12/2016 – acesse no site de origem)
Nos Estados Unidos, vários estados têm leis que exigem que as mulheres procurem serviços de aborto avisando sobre os potenciais riscos à saúde mental que a interrupção de uma gravidez pode causar a longo prazo. Um documento do governo do Texas diz que mulheres costumam relatar uma gama de emoções após o procedimento, como depressão, flashbacks e pensamentos suicidas, mostrou uma reportagem do The Huffington Post.
Porém, segundo um novo estudo publicado na última quarta (14) pelo JAMA Psychiatry, mulheres que abortaram não apresentaram risco de depressão ou ansiedade nos cincos anos que se seguiram após o procedimento.
“Nós não temos nenhuma evidência de que o aborto cause danos para a saúde mental”, disse à publicação a psicóloga social M. Antonia Biggs, principal autora do estudo.
Por outro lado, mulheres aos quais o direito ao aborto foi negado relataram maior ansiedade e autoestima diminuída logo após a recusa. “Se estamos realmente preocupados com a saúde mental das mulheres, deveríamos estar apoiando de fato a expansão do acesso ao aborto”, argumenta Biggs.
A equipe responsável pelo estudo localizou cerca de mil mulheres, recrutadas em 30 clínicas de aborto, em 21 estados. Todas foram contatadas por telefone uma semana após ter feito o aborto ou ter tido o direito negado. E posteriormente foram consultadas semestralmente por cinco anos.
Biggs disse que não faz parte do seu trabalho enquanto pesquisadora mudar a política, mas ela espera que as políticas de saúde sejam definitivamente baseadas em evidências. “Se queremos dar às mulheres informações mais acuradas e precisas, nós não deveríamos seguir dizendo a elas que o aborto provoca problemas na saúde mental.”