(O Estado de S. Paulo, 15/06/2014) Tema é tabu no Chile e promessa de Bachelet de apoio a iniciativas parlamentares é criticada pelos conservadores.
Ao mesmo tempo em que avança em suas propostas, a presidente Michelle Bachelet traz para o debate temas considerados tabus e quase intocáveis no Chile pós-ditadura.
O principal deles é o aborto terapêutico, para o qual a presidente saiu em defesa em maio, contrariando setores e partidos mais conservadores no Chile. O país sofre forte influência da Igreja Católica e, durante várias décadas, temas ligados à interrupção da gravidez e controle da natalidade são tabu.
Bachelet havia anunciado inicialmente que deveria enviar, no segundo semestre, um projeto de lei ao Congresso para descriminalizar o aborto terapêutico em caso de risco de morte para a mãe, estupro e feto com problemas congênitos. Mas em maio, disse estar disposta a acelerar a discussão e pediu para que se avancem as propostas já apresentadas,mas que estão paradas no Senado. “Abriu-se um tipo de debate que não ocorria havia 25 anos. Desde a volta da democracia, o tema do aborto terapêutico, que já foi permitido nos anos 70, não era discutido”, lembra a cientista política María Francisca Quiroga.
Desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990, as discussões sobre a regulamentação do aborto terapêutico nunca converteram-se em avanços no Congresso.
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