Com o fim da era Trump, agenda antigênero é comandada por Damares Alves
(Folha de S. Paulo | 13/01/2022 | Por Sonia Corrêa e Gustavo Huppes)
Após o fim do governo Donald Trump nos EUA, o Brasil passou a liderar o processo de engajamento de outros países em um acordo internacional chamado Consenso de Genebra, uma aliança antiaborto composta por países ultraconservadores em matéria de gênero. Os EUA deixaram o acordo ainda no primeiro mês do governo Joe Biden.
O chamado “consenso” acaba de completar seu primeiro ano de existência, mas reúne apenas 36 signatários, entre os quais Estados mundialmente conhecidos como violadores de direitos das mulheres ou avessos ao gênero, como Arábia Saudita, Uganda, Iraque e Hungria. A Rússia acaba de aderir à declaração.
Desde 2019, nas negociações do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, há convergências entre as posições de Brasil e Rússia no âmbito da pauta antigênero. O Brasil tem votado favoravelmente às propostas hostis feitas pelo governo Vladimir Putin contra resoluções relacionadas ao gênero e aos direitos das mulheres. Exemplo disso foi o apoio à proposta russa de exclusão da menção à educação sexual integral como prevenção à violência e ao assédio de uma resolução sobre violência contra mulheres votada em junho de 2019.
Sonia Corrêa
Coordenadora do Observatório de Sexualidade e Política
Gustavo Huppes
Assessor de advocacy internacional da Conectas Direitos Humanos