(Jornal do Brasil, 07/03/2016) Pesquisa Ipsos com 23 nações mostra que os brasileiros estão em penúltimo lugar entre os que apoiam o direito à interrupção de gravidez. Apesar da crescente discussão em torno da descriminalização do aborto, o assunto ainda é tabu no Brasil.
Pesquisa conduzida pela Ipsos em 23 países entre janeiro e fevereiro de 2016 mostra que apenas 16% dos brasileiros são favoráveis ao direito de interrupção da gravidez quando a mulher assim desejar. O resultado coloca o país em penúltimo lugar entre os países pesquisados, atrás apenas do Peru.
A posição brasileira é bem abaixo da média global. Na consolidação de dados de todos os países analisados, 45% dos entrevistados concordam com a premissa de que uma mulher deveria ter o direito de abortar quando quisesse.
Em países como Suécia, o percentual sobe para 84%. Na França e na Grã Bretanha, 69% e 62% dos entrevistados concordam que o aborto deveria ser permitido às mulheres em qualquer situação.
O país também destoa de outros emergentes, como Índia e África do Sul, onde 40% e 31% da população, respectivamente, concordam com a premissa. Países vizinhos, como Argentina (26%) e México (25%), também têm favorabilidade mais alta que o Brasil.
De acordo com Dorival Mata-Machado, diretor de Public Affairs na Ipsos no Brasil, o forte conservadorismo de parte da sociedade brasileira impacta a avaliação dos brasileiros sobre o aborto.
“Apesar das diversas transformações dos últimos anos, como o aumento da escolaridade e como a redução da desigualdade social, em sua essência, a sociedade brasileira continua sendo absolutamente conservadora: 1,2 em cada 10 pessoas ainda acha que o aborto nunca deveria ser permitido, mesmo que a vida da mãe esteja em risco.”
Mata-Machado pondera que o índice de apoio sobe entre os mais escolarizados e com maior renda. “Um em cada quatro entrevistados com educação superior e um em cada três entrevistados com renda mais alta apoiam a premissa de que uma mulher deveria ter o direito de abortar se assim ela quisesse. O apoio também é maior entre os chefes de família (24%) e entre pessoas com posições profissionais sêniores (29%).”
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