(Universa | 26/08/2021 | Por Eduarda Prestes, em depoimento para Abinoan Santiago)
“Homens, se vocês vão chifrar as esposas de vocês, pelo menos encapem a p… do pau quando forem comer alguém. Estou cansada de dar diagnóstico de HIV pra mulher jovem, gestante, casada há anos e que é fiel ao marido. Se vai f… com a vida de alguém, f… só com a tua, irmão.”
Sou médica infectologista em Santarém, no Pará, e publiquei esse desabafo, que viralizou no Twitter. Trabalho no Centro de Tratamento e Acolhimento (CTA) do município e todo dia a gente tem casos novos de HIV.
No dia desse desabafo nas redes sociais, eu atendi uma grávida, creio que de sete ou oito semanas de gestação. Era o seu primeiro filho e estava acompanhada da mãe, uma senhora de quase 70 anos.
Eu vi essa mulher muito angustiada no ambulatório. Como era a primeira consulta dela, sempre buscamos acolher ao máximo. Perguntamos como está, a maneira como acredita que pegou o vírus, para quem ela vai contar e por aí vai.
Durante a conversa, descobri que era professora, na faixa dos 30 anos, casada há cinco anos e que nunca teve uma relação extraconjugal. Foi uma paciente bem aberta.
Ela descobriu o HIV naquele dia. Tinha ido ao posto de saúde iniciar o pré-natal, e com um teste rápido positivo, a enviaram para o centro de referência para confirmar. Repetimos o exame e confirmamos. Ela ainda não tinha nem chegado em casa para falar com o marido.