Como atletas estrangeiros mostram sua preocupação com o zika na Olimpíada

24 de julho, 2016

(Nexo Jornal, 24/07/2016) Individualmente ou por iniciativa das delegações, esportistas têm tomado medidas, em alguns casos anedóticas, para lidar com o Aedes aegypti.

A medida mais extrema tomada por atletas que se dizem com medo do vírus zika é simplesmente desistir da Olimpíada do Rio de Janeiro. Iniciativas como essa são isoladas, mas já levaram o ministro da Saúde brasileiro a enviar cartas a esportistas nas quais afirma:

“O risco de qualquer um dos cerca de 500 mil visitantes que o Rio deve receber de serem infectados pelo Zika é ‘basicamente zero’”

Ricardo Barros

Ministro da Saúde

O vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, colocou as autoridades de saúde e turistas em alerta por causa de sua consequência mais grave: se contraído por gestantes, causa má formação no sistema nervoso dos fetos.

Ele está relacionado a casos de microcefalia, quando o cérebro do bebê não cresce dentro do normal. A doença também está ligada à síndrome de Guilain-Barré, que paralisa os membros dos afetados e é, normalmente, reversível.

Longe da medida radical de não comparecer, mas ainda assim preocupados com o vírus zika, alguns atletas e delegações têm mostrado como pretendem lidar com o Aedes Aegypti. Veja abaixo:

Kit antimosquito

Hope Solo, goleira da seleção feminina de futebol dos Estados Unidos,postou em sua conta na rede social Twitter na quinta-feira (21) uma foto na qual aparece com uma espécie de véu contra insetos, uma bandana sobre a boca e um frasco de repelente.

Ela afirmou “Não vou compartilhar isso!!! Arranje o seu próprio! #àprovadezika #NoCaminhoParaORio”.

Uniforme antimosquito

Em maio a Coreia do Sul revelou seus uniformes criados para as Olimpíadas. Eles têm características especiais para a prevenção de doenças, entre elas estão:

  • Tecido com repelentes antimosquitos.
  • Calças compridas e camisas e jaquetas de mangas longas para serem usadas em cerimônias, durante treinos e na vila Olímpica.

Os atletas não poderão usar tecidos antimosquitos durante as competições.

Esperma congelado

O saltador britânico Greg Rutherford durante competição em julho

O SALTADOR BRITÂNICO GREG RUTHERFORD DURANTE COMPETIÇÃO EM JULHO

Como tem efeitos dramáticos sobre a saúde de bebês, a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda que grávidas evitem áreas com surtos de zika, como é o caso do Rio de Janeiro.O vírus também pode ser transmitido via sexual, o que abre o risco de que um homem contaminado passe a doença para uma parceira grávida.

Por isso, a entidade recomenda que quem vai ao local use camisinha ou deixe de fazer sexo durante sua estadia por pelo menos quatro semanas depois de voltar.

Por esse motivo, a esposa do saltador britânico Greg Rutherford, Susie Verrill, decidiu não acompanhar o marido com o filho Milo. Além disso, o casal também tomou a medida extrema de congelar o esperma de Rutherford.

Em entrevista à agência de notícias France Presse ela afirmou que o casal tomou essa atitude porque gostaria de “ter mais filhos”.

“Não somos pessoas que nos preocupamos desnecessariamente, porém mais de 100 especialistas médicos aconselharam a transferência dos Jogos para evitar a propagação da doença, o que se tornou um grande fator para que decidíssemos ficar. Além disso, decidimos congelar o esperma de Greg. Gostaríamos de ter mais filhos”

Susie Verrill

Esposa do saltador britânico Greg Rutherford, em entrevista concedida em junho à agência de notícias France Presse

OMS não viu motivos para medidas drásticas

A preocupação não é exclusiva dos atletas. No final de maio, 88 cientistas assinaram uma carta na qual pediam à OMS que interferisse para adiar ou realocar a Olimpíada para um outro lugar. A entidade de saúde afirmou, no entanto, que isso não é necessário.

Por que a OMS não interferiu

NÃO É SÓ AQUI

Segundo a OMS, o Brasil é apenas “um de mais de 60 países e territórios com a transmissão do zika por mosquitos”, e pessoas continuam a viajar entre esses países. Nas Américas, 39 países têm o zika. “A melhor forma de reduzir o risco de doença é seguir recomendações de órgãos de saúde.”

MENOS MOSQUITOS

A entidade não cita esse fator como argumento, mas a atividade do mosquito Aedes aegypti tende a diminuir em julho e em agosto, esse último o mês da Olimpíada, por conta do inverno. Anualmente, esses são meses em que há queda de casos de dengue, doença transmitida pelo mesmo mosquito. Isso tem sido destacado pela prefeitura do Rio.

MOSQUITO AGE MENOS EM AGOSTO

Apesar de não concordar com o adiamento da Olimpíada, a OMS recomenda alguns cuidados.

Precauções recomendadas pela OMS

GRAVIDEZ

Grávidas devem evitar áreas com surtos de zika, como é o caso do Rio de Janeiro. Homens que tenham viajado para áreas com surtos e que sejam parceiros sexuais de grávidas devem praticar sexo com proteção, ou não fazer sexo durante a gravidez.

PROTEÇÃO

Quem viajar à Olimpíada deve usar camisinha ou deixar de fazer sexo durante sua estadia e por ao menos quatro semanas depois de voltar, principalmente se houver sintomas de vírus.

REPELENTES

Turistas olímpicos também devem se proteger de picadas com repelentes e roupas de preferência claras que cubram a maior área do corpo possível. Estudos indicam que mosquitos são mais atraídos por roupas escuras.

AR-CONDICIONADO

A escolha deve ser por acomodações com ar-condicionado, onde janelas e quartos sejam mantidos fechados.

Acesse o site de origem: Como atletas estrangeiros mostram sua preocupação com o zika na Olimpíada (Nexo jornal, 24/07/2016) 

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