Curso gratuito de introdução alimentar para mães de bebês com microcefalia

19 de maio, 2016

(Diário de Pernambuco, 19/05/2016) O  projeto Acolher realiza neste sábado, no bairro da Madalena, no Recife, um curso gratuito de introdução alimentar para mães de bebês com microcefalia. Mamães de cento e vinte bebês, com idades entre quatro e 12 meses, vão receber instruções da equipe formada por uma nutricionista infantil e uma fonoaudióloga. O curso acontece no Espaço Ser Mãe, no bairro da Madalena. Mais informações pelos telefones 9.8647-3099 ou 9.9755-0788.

Os engasgos preocupam as famílias das crianças com a malformação. Às vezes, a criança engasga até mesmo com a saliva. “É do nada, tenho muito medo”, explica a mãe, Andreia Barros, 23 anos. O engasgo pode ser um indício de disfagia, um quadro de dificuldade de deglutir que alguns bebês com microcefalia têm apresentado. No Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) os internamentos das crianças têm sido frequentes pelo motivo.

A literatura médica estima que para algumas manifestações neurológicas os quadros de disfagia podem ocorrer em mais de 50% dos pacientes. “À medida que a criança vai crescendo, é esperado que o comprometimento cerebral leve a esse quadro. Mas isso pode estar ocorrendo também porque estamos em uma época de quadros virais, como a gripe. Os internamentos são para observação”, explicou a chefe da infectologia pediátrica do Huoc, Ângela Rocha.

Um estudo está sendo realizado por profissionais do Hospital Agamenon Magalhães (HAM), uma das unidades referência para as avaliações otorrinolaringológicas dos bebês com microcefalia, para avaliar quantos deles têm apresentado essa dificuldade, o que pode comprometer o desenvolvimento.
“Estamos acompanhando essas crianças desde novembro do ano passado. A gente tem observado que o sintoma da disfagia tem gerado a necessidade de uma avaliação específica, mas pela casuística ainda não podemos dizer qual o percentual dele entre os bebês que avaliamos”, explicou a otorrinolaringologista do HAM Mariana Leal.

Segundo ela, a disfagia é comum em outros quadros neurológicos, como a paralisia cerebral, por exemplo. Uma da hipóteses é de que os quadros sejam gerados pois o zika tem um tropismo, ou seja, uma predileção por atacar o sistema nervoso. “Ninguém sabe o mecanismo que causa a disfagia, mas estamos em busca para entender melhor. Talvez, passe pelo acometimento do sistema nervoso”, acrescentou Leal.

A disfagia pode levar a uma perda acentuada de peso e engasgos frequentes, durante a alimentação ou até somente com a saliva, como acontece com Ariella. “Isso atrapalha o estado nutricional da criança e gera motivos para aspiração”, acrescentou a otorrinolaringologista Cristiane Marcela. Por isso, é preciso que as mães e pais das crianças estejam atentas para ver se a criança engasga ou tosse com frequência, com a saliva e se tem dificuldades para respirar na hora em que está se alimentando, sobretudo com líquidos. As crianças atendidas no HAM serão acompanhadas e reavaliadas periodicamente. “É uma evolução que ninguém conhece, então há a necessidade de fazer o acompanhamento”, esclareceu Mariana Leal.

Avaliações otorrinolaringológicas nos bebês com microcefalia são realizadas também durante os mutirões, que já ocorreram duas vezes na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e em Caruaru. Nas Unidades de Pronto Atendimento Especializadas do estado.

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