(Sindicato dos Comerciários, 24/06/2016) O supercomputador Santos Dumont, inaugurado no Rio de Janeiro este ano e que seria utilizado em uma série de pesquisas que inclui o Zika vírus, teve de ser desligado em meio a cortes de recursos do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), afirmaram pesquisadores nesta quarta-feira.
Segundo Antônio Tadeu, chefe do Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho (Sinapad), “os problemas financeiros provocaram o desligamento do Santos Dumont entre o mês passado e esse mês”. O Sinapad atua na operação do suprercomputador em parceria com o LNCC.
Como é capaz de rodar a uma velocidade de até 1 milhão de vezes mais rápida que a de um notebook convencional, o Santos Dumont, consome muita energia. Estima-se que o custo mensal de energia da máquina seja de aproximadamente R$ 500 mil. Segundo o LNCC, o supercomputador, comprado da francesa Atos/Bull, tinha um orçamento de R$ 60 milhões para este ano, incluindo o custo de aquisição e instalação.
Setenta e cinco projetos, de acordo com Tadeu, aguardam a retomada das operações normais do supercomputador para que estudos e pesquisas possam ser realizadas. Entre os estudos em espera está o de mapeamento genético da zika vírus.
“São projetos que foram aprovados para usarem a máquina, mas isso não está acontecendo pelas restrições. Parece um contra senso, em um momento como esse em que todos falam sobre o vírus Zika”, afirmou Tadeu. Segundo ele, o Santos Dumont ajudaria no desenvolvimento de fármacos que possam diagnosticar com precisão a existência do Zika vírus e dengue e no desenvolvimento de uma vacina.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação confirmou que a operação do supercomputador está comprometida e que o LNCC sofreu um contingenciamento de cerca de 20% de seus recursos para 2016, o que afetará as operações nos próximos meses. Porém, o ministério afirmou que a máquina está operando a 30% de sua capacidade e que não foi totalmente desligada.
Em nota, o ministério acrescentou que destinou orçamento de R$ 8,21 milhões ao LNCC, “cujo valor cobre os custos do instituto até os próximos meses e já negocia com a área econômica uma suplementação orçamentária de R$ 4,65 milhões, que já está em análise no Ministério do Planejamento”.
“O ministério espera que o equipamento retorne ao seu funcionamento pleno para não prejudicar as pesquisas e projetos desenvolvidos por esse importante centro de pesquisas”, acrescentou a pasta.
Tadeu afirmou que o Santos Dumont está operando com carga mínima e que não está atendendo a usuários externos e grandes projetos. Segundo ele, a máquina está ativa, mas para manter componentes em funcionamento e não sofrer depreciação de sistemas eletrônicos e de refrigeração. “Ele não está atendendo à comunidade científica por problemas financeiros”, afirmou.
Fonte: Brasil Econômico
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